Após estagnação durante a pandemia do coronavírus, as doações de córneas foram retomadas nos hospitais da Fundação Padre Albino no primeiro semestre deste ano. De janeiro a maio, foram autorizadas 39 captações, segundo dados da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante/CIHDOTT dos hospitais Padre Albino e Emílio Carlos.
O aumento das doações é reflexo do trabalho de conscientização, diz o enfermeiro Carlos Eduardo Mancini Gomes. “Trabalhamos com afinco nos hospitais com objetivo de identificar o maior número de doadores viáveis e enfatizar a importância do diálogo familiar a respeito da doação, que resultou em muitas novas chances de melhoria na qualidade de vida de outras pessoas.”
Conforme protocolo, atualmente existem duas situações em que a identificação pode ser aplicada, sendo pelo diagnóstico médico de morte encefálica (onde ocorre a possível doação de múltiplos órgãos) ou através da identificação de possíveis doadores falecidos em que a família tem a opção de manifestar o desejo da doação de córneas.
“Tratamos sobre avaliação e identificação de potenciais doadores em nossa instituição, visando à humanização do atendimento, pois o direito de doação é opção que os familiares devem ter acesso e serem informados da possibilidade”, pontua o enfermeiro.
Ele frisa que a meta é ofertar o maior número de órgãos e tecidos para salvar vidas. “Não se pode imaginar o sofrimento da perda de um familiar, amigo ou conhecido, porém, quando existe uma chance de a vida continuar, acreditamos e levamos ao conhecimento dos familiares de 1º e 2º graus a decisão sobre a doação. Ficamos felizes em saber que nosso trabalho está surtindo efeito.”
PARALISAÇÃO
As captações de córneas foram impactadas de forma direta pela pandemia, uma vez que o tecido ocular com Covid não é viável para transplante. Com isso, do final de 2019 até outubro de 2022, só foram realizados protocolos referentes ao coronavírus. “Nossos dados em 2022 foram de três doações efetivadas, em contrapartida, de janeiro a maio deste ano, foram 39”, compara Gomes.
Ele frisa que os números, um dos melhores níveis do estado de São Paulo, são resultado dos cuidados com o cuidador. A recusa familiar, por exemplo, caiu de 35% para 28%, a partir desse trabalho. “Ainda temos uma taxa de recusa alta que temos de baixar, mas estamos melhorando.”
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