El Niño pode trazer chuvas para o Sul e ocasionar seca no Norte do país
Fenômeno ocorre quando as águas do Oceano Pacífico, na faixa da linha do equador, aquecem mais do que o normal
Crédito: Divulgação/Doug Morton/Nasa - Em 2015 e 2016, super El Niño ocasionou desastres na produção agrícola do Brasil devido à seca severa
Por Da Reportagem Local | 28 de junho, 2023

Por influência do fenômeno chamado El Niño, é esperado que as regiões Sul e Sudeste tenham um inverno mais chuvoso que o normal, enquanto toda a metade Norte do Brasil tenha uma estação mais seca. O El Niño ocorre quando as águas do Oceano Pacífico, na faixa da linha do equador, aquecem mais do que o normal, o que altera o sistema de ventos em toda a América do Sul, impedindo que as frentes frias que vêm do Sul avancem além do Sudeste do Brasil.

Segundo a pesquisadora científica e agrometeorologista do Instituto Agronômico da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento, Angelica Prela-Pantano, embora o Brasil não seja banhado pelo Oceano Pacífico, a intensidade do El Niño ou da La Niña interfere nas condições climáticas, principalmente no regime de chuvas.

“Acabamos de sair do fenômeno La Niña, que é o resfriamento das águas do Pacífico. Agora El Niño é o aquecimento das águas do Pacífico. A gente ainda não sabe se esse ano a gente vai ter um El Niño de intensidade fraca, moderada ou forte. Agora que já está dando os primeiros indícios de aquecimento da água do Pacífico. Teve a neutralidade quando a La Niña parou de ocorrer e está sendo observado o aquecimento. Por isso são indícios de que esse ano a gente vai ter o El Niño”, pontua.

A especialista explica que o fenômeno não acontece todos os anos. “É uma coisa involuntária e natural, e nós só ficamos sabendo quando realmente começa a acontecer. Com esse aquecimento das águas do Pacífico, ocorrem algumas variações climáticas. Para o Brasil, nas nossas regiões, depende da intensidade, mas basicamente ele aumenta a quantidade de chuvas nas regiões Sul e Sudeste e diminui da região Norte e Nordeste”, completa.

O agrometeorologista Marco Antônio dos Santos afirma que não deve ocorrer o super El Niño, como nos anos de 1996 e 1997 e 2015 e 2016, com a anomalia nas temperaturas das águas do Oceano Pacífico, que chegaram a ficar acima de 2 °C. O fenômeno, desta vez, deve ser de fraca intensidade.

“Quando começou a se falar de El Nino em janeiro e fevereiro deste ano, a gente sempre trabalhou com uma intensidade de fraca a moderada. Até o momento nunca foi cogitada a possibilidade de um super El Niño. Neste ano estamos vendo que o El Niño virá a acontecer, está se formando, mas de fraca intensidade. No entanto, mesmo com esses efeitos de fraca e até moderada intensidade, variando de 0,6 a 1,1 °C, a tendência é de mais chuvas para o Sul do Brasil, algo que não aconteceu nesses últimos dois anos, onde o Sul realmente teve fortes estiagens e agora isso se inverte um pouco, pois há possibilidade de chuvas muito melhores para todo esse cone Sul da América do Sul. E, lógico, alguns períodos de, provavelmente no verão de 2024, estiagem, nada tão prolongado e severo. A gente acredita que mesmo sendo de intensidade fraca a moderada, isso pode ocorrer”, prevê.

AGRONEGÓCIO AFETADO

A chegada do El Niño pode interferir na produção agrícola do Brasil, seja para o bem ou para o mal. Independentemente de quando o fenômeno começar, é certo que o cenário será diferente do que o experimentado nos últimos três anos.

“No ano de 2015 e 2016, quando nós tivemos o super El Niño, foi um desastre na produção agrícola do Brasil. Tivemos secas severas em toda região Central e Norte do Brasil, que produziu muito pouco, e o Sul não conseguiu produzir nem muito menos colher por conta do excesso de chuvas. Então super El Niño ou qualquer El Niño nunca é bem-vindo no Brasil. No entanto, quando se fala nesse El Niño e quando ele vai chegar, a atmosfera em alguns momentos já está sendo influenciada por esse El Niño, visto as chuvas que ocorreram no Brasil nas últimas semanas”, arremata Santos.

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Da Reportagem Local
Redação de O Regional

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