A trombose é uma doença grave e cuja ocorrência é comum, atingindo ao mais de 180 mil pessoas a cada ano no Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV).
“A trombose é a obstrução do sistema circulatório por um coágulo de sangue que prejudica e reduz o fluxo sanguíneo pelas artérias e pelas veias do corpo humano. Quanto mais cedo for diagnosticada e tratada, menores os impactos e malefícios à pessoa”, explica o cirurgião vascular Emerson Ciorlin, do Instituto de Moléstias Cardiovasculares – IMC, de Rio Preto.
A doença já era comum, contudo, segundo o especialista, o número de casos aumentou ainda mais depois da pandemia da covid-19, pois as pessoas permaneceram durante muito tempo inativas em casa. “Habitualmente, ficar muito tempo sentado ou parado é condição que contribui para aumentar o risco de trombose. Esta foi a realidade de muita gente durante a pandemia”, lembra o cirurgião.
Ele explica que a trombose pode ser classificada em 2 tipos principais: trombose arterial e trombose venosa profunda. A trombose arterial prejudica o fluxo de sangue para as extremidades do corpo, predispondo a um quadro clínico de isquemia e má circulação. Por outro lado, a trombose venosa profunda dificulta o retorno do sangue em direção ao coração, com possível desenvolvimento de embolia pulmonar.
Os sinais e sintomas são bem claros. Os mais comuns são as dores nas pernas, acompanhadas de inchaço na panturrilha e nos pés. Ciorlin ressalta também que a pessoa que desenvolveu quadro clínico compatível com trombose venosa profunda ainda pode ter o endurecimento da musculatura da panturrilha, dificuldade para caminhar, alteração de coloração nos pés e arroxeamento das extremidades.
Nos casos avançados, a trombose evolui para a embolia pulmonar, podendo causar dores no peito, falta de ar súbita, sensação de angústia, taquicardia (batimentos cardíacos acelerados) e taquipnéia (ritmo respiratório exagerado), com risco até de morte.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Para fazer o diagnóstico, o médico baseia-se no histórico clínico e no exame físico. “Ao examinar o paciente, verificamos se há dores nas pernas, inchaço, empastamento ou endurecimento da panturrilha e se tem dificuldade para caminhar”, relata o cirurgião, que conta para auxiliá-lo na confirmação diagnóstica com a realização do exame de ultrassom doppler venoso dos membros inferiores. É um exame não invasivo, que pode ser feito no consultório.
O tratamento pode ser clínico, através de medicamentos anticoagulantes, ou cirúrgico, dependendo da extensão da trombose. O tratamento cirúrgico é minimamente invasivo, com procedimento endovascular. “Este deve ser feito em hospital com estrutura e equipamentos modernos em hemodinâmica e equipe especializada”, salienta o cirurgião.
FATORES DE RISCO
O cirurgião vascular do IMC relaciona como os principais fatores de risco o histórico familiar, predisposição genética, obesidade, sedentarismo, traumas, viagens prolongadas de carro, ônibus ou avião, doenças sistêmicas (insuficiência cardíaca e insuficiência renal), procedimentos cirúrgicos recentes (cirurgias plásticas, bariátricas, ortopédicas e oncológicas), presença de neoplasias, histórico de doença venosa e gestação e puerpério.
“Ao constatar alguns dos sintomas, a pessoa deve procurar o mais rapidamente possível o médico para o diagnóstico e, se confirmada a trombose, iniciar o tratamento logo”, alerta.
PREVENÇÃO
Emerson Ciorlin diz que há várias atitudes que as pessoas podem adotar para se prevenir de ser surpreendido por uma trombose. O médico recomenda parar de fumar, consumir bastante água, ter alimentação balanceada, praticar exercícios físicos regularmente e evitar passar muito tempo na mesma posição no horário de trabalho ou em longas viagens.
O uso de meias elásticas também pode ser indicado, de acordo com o cirurgião vascular, já que comprimem os vasos sanguíneos, melhorando o retorno venoso e, consequentemente, prevenindo problemas vasculares como varizes e trombose.
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