‘Doação de órgãos precisa ser discutida entre as famílias’
Fundação Padre Albino investe em campanha para incentivar doação de órgãos e tecidos; região teve 46 doadores de janeiro a outubro
Foto: Alex Pelicer/HB - Avião da Força Aérea Brasileira foi mobilizado pelo HB para transportar órgãos a SP e Campinas em setembro
Por Guilherme Gandini | 23 de outubro, 2022

Outdoors estão sendo utilizados pela Fundação Padre Albino para incentivar a doação de órgãos. O assunto também foi abordado em anúncio veiculado recentemente nas páginas de O Regional, em campanha que traz o mote “Unidos pela vida. Eles escolheram doar órgãos”. “Este assunto é de extrema importância ser discutido entre as famílias”, reforça a FPA, em nota.

No Brasil, para ser doador, não é necessário deixar nada por escrito. Basta avisar sua família, dizendo: “Quero ser doador de órgãos”. A doação de órgãos e tecidos só acontece após a autorização familiar documentada. Quando a pessoa não avisa, a família fica em dúvida.

Na FPA, quem lidera o trabalho é a CIHDOT (Comissão intra-hospitalar de doação de órgãos e tecidos para transplante), que atua 24 horas por dia para identificar potenciais doadores de órgãos e tecidos, e responde diretamente à OPO (Organização de Procura de Órgãos) do Hospital de Base de Rio Preto, que, por sua vez, está ligada à Central Estadual de Transplantes.

“Nossa instituição trabalha para sempre ofertar órgãos viáveis e com a garantia de que o receptor possa ter sua qualidade de vida retomada. Trabalhamos para aumentar nossos números de doadores e de órgãos viáveis para que com isso possamos ajudar quem tanto precisa por um órgão para transplante”, frisa Carlos Mancini, enfermeiro do Banco de Olhos.

A fila de espera por órgãos é única e nacional, porém regionalizada, sendo gerida por cada estado. Os pacientes que atendem os requisitos para receber algum órgão viável aguardam nessa fila. O procedimento de transplante também é custeado pelo SUS, mas o paciente tem liberdade para pagar pela cirurgia em local e profissional de forma particular, caso prefira.

O sistema da Central Nacional de Transplantes carrega todos os dados e exames que o paciente possui. Quando ocorre a doação de algum órgão em específico, são feitos todos os testes e sorologias para se chegar o mais próximo de compatibilidade entre doador e receptor, evitando assim uma menor taxa de rejeição.

“A central, quando identifica que existe um possível doador com as mesmas características e compatibilidades do receptor, informa a unidade ou instituição ao qual o paciente foi inserido e o médico assistente faz toda a análise do órgão ofertado, estando de acordo com as condições clinicas do receptor, este informa que tem interesse em tal órgão e articula toda a logística para garantir que o transplante ocorra”, complementa Mancini.

Essa regulação é feita pela Central Nacional de Transplantes e, neste sentido, não são raros os casos de operações de captação de órgãos que envolvem aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

Região contabiliza 46 doadores este ano

De janeiro até outubro de 2022, a OPO do Hospital de Base de Rio Preto, que atua como notificador e está capacitado para a efetiva doação de órgãos e tecidos, contabiliza 46 doadores efetivos, o que resultou em quatro transplantes de coração, quatro de pulmão, dois de pâncreas, 64 de rins, 22 de fígados,28 válvulas cardíacas e 113 córneas.

“O Hospital de Base recebe órgãos e tecidos, provindo de qualquer outra região do estado de São Paulo e, eventualmente, até de outros estados do país. Tudo isso estabelecendo e obedecendo os critérios pré-estabelecidos para os órgãos, seja coração, rins, pulmões, fígados e córneas. Lembrar também que existe distinção entre as filas, ou seja, cada fila tem seus critérios de prioridades”, explica João Fernando Picollo, coordenador da OPO do HB.

Ele pontua que a conversa com os familiares é feita no caso de constatação de morte cerebral. “Uma equipe especializada irá conversar com a família, explicar os protocolos e falar sobre a doação de órgãos e tecidos. Para aumentar o número de doadores é feito todo um trabalho junto à população com ações para tornar o assunto mais claro, explicar como funcionam os trâmites, da importância da doação e que o gesto daquela família pode salvar vidas.”

Hospital Unimed fez três captações múltiplas

A Fundação Padre Albino, apesar de questionada sobre números de órgãos captados e cirurgias realizadas, informou que os indicadores são de responsabilidade da central de transplantes. Em setembro, o Hospital Padre Albino foi premiado no II Ecesp - Encontro das Comissões Intra-Hospitalares de Doação e Transplantes do Estado de São Paulo pelo desempenho na captação de órgãos. Já o Hospital Unimed São Domingos (HUSD) fez até agora três captações múltiplas de órgãos. A última foi em 31 de agosto, com captação de fígado, rins e córneas, em procedimento que envolveu profissionais do HUSD e do Hospital de Base, de Rio Preto. Segundo informações da assessoria de imprensa, a unidade não realiza transplantes, mas apenas a captação.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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