O Dia Mundial de Combate à Aids, celebrado neste 1º de dezembro, abre o Dezembro Vermelho, mês de mobilização pela conscientização sobre a prevenção e tratamento da Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). O objetivo é que a população tome conhecimento sobre essas doenças, modos de prevenção e tome os cuidados necessários para evitá-las.
De acordo com o médico infectologista Ricardo Santaella Rosa, a Aids é uma doença cuja transmissão ocorre principalmente pelo contato sexual, ainda que possa ser transmitida pelo sangue e de mãe para filho – situações que, segundo ele, estão mais controladas atualmente.
Em relação ao tratamento, houve muitas mudanças ao longo do tempo. Segundo o especialista, até 1996, ou seja, nos primeiros 15 anos da epidemia, o tratamento era precário e não tinha bons resultados. “Havia muita dificuldade em se tomar medicação, eram poucos medicamentos e o tratamento só durava por algum período, depois o paciente acabava falecendo”, lembra.
A partir de 1996, criou-se um conjunto de drogas, chamado de coquetel antiaids, com três ou quatro medicamentos que combatem o vírus com mais eficiência. Naquele ano, o Brasil iniciou o fornecimento gratuito dessas medicações, facilitando o acesso ao tratamento.
“De lá para cá mudou bastante também a forma de tratar. Antigamente, nos primeiros esquemas de tratamento, a gente usava 10, 15, 20, às vezes até mais de 20 comprimidos para tratar o HIV, o que era muito trabalhoso, muito difícil para o paciente. Hoje em dia nós temos tratamento mais eficazes e mais tranquilos, com um ou dois comprimidos por dia, com poucos efeitos colaterais e a gente tem um controle interessante da doença”, pontua Santaella.
Porém, o médico alerta que isso não significa a cura. “O que a gente consegue hoje é controlar a doença com essa medicação. O paciente pode ter uma vida completamente normal desde que tome a medicação, mas ele não tem cura, ele não se livra do vírus, pelo menos por enquanto.”
Santaella diz que o que se tem é apenas uma possibilidade teórica de cura, a partir de um conjunto de medicamentos, além do coquetel, que poderiam favorecer a eliminação do vírus. “Isso está em pesquisa, tem alguns casos já descritos, mas ainda é um pouco cedo para se tornar público, para se tornar disponível para a população. Mas é um passo importante.”
PRECONCEITO
Apesar de todos os avanços, Ricardo Santaella frisa que o paciente com HIV ainda enfrenta preconceito. “Só quem tem o vírus é que sabe a dificuldade que é conviver com o vírus, então não é uma doença que a gente pode dizer que a população está totalmente acessível e que não tem mais nenhum tipo de preconceito contra ela. Tem preconceito sim e esse preconceito diminui conforme as pessoas vão tomando conhecimento da doença e conforme os serviços de saúde vão educando a população em relação a isso, mas existe preconceito, sim.”
SÍFILIS
Além do HIV, o Dezembro Vermelho joga luz sobre outras infecções sexualmente transmissíveis, que são as doenças transmitidas principalmente pelo ato sexual. Santaella cita como exemplo a gonorreia e as uretrites, mas alerta para a sífilis, cujos casos têm aumentado. “É uma doença que tem cura, não é de difícil tratamento, mas que se não tratada pode ser perigosa”, frisa.
Prevenção é o melhor caminho
Existem hoje mecanismos de prevenção do HIV muito importantes. Um deles é o uso do preservativo. “Preservativo realmente é uma arma muito potente na prevenção, principalmente do HIV”, reforça Santaella.
Outra possibilidade é diminuir o número de parceiros ou escolher melhor os parceiros sexuais. “Isso é uma coisa muito importante, porque o que aumenta o risco de transmissão é o contato sexual. Quanto mais contato sexual tiver com pessoas mais diversas, o risco aumenta.”
Há também medidas de prevenção mais específicas. É o caso da profilaxia pós-exposição, feita quando a pessoa tem um contato sexual ou um contato por acidente com material biológico potencialmente contaminado.
“A pessoa entra em contato com material contaminado ou uma relação sexual potencialmente perigosa, com alguém que tem o HIV, por exemplo. Existe a possibilidade de fazer uma profilaxia, uma prevenção, tomando os medicamentos específicos por um período de tempo. Isso dá uma boa proteção. A pessoa que tiver se expondo deve procurar o serviço de saúde”, orienta.
Catanduva tem quase 50 casos este ano
Catanduva registrou 57 casos de HIV, 53 de sífilis adquirida e três de sífilis congênita no ano passado. Este ano, já foram confirmados 47 casos de HIV, 52 de sífilis adquirida e dois de sífilis congênita até o mês de outubro. Os números são da Secretaria Municipal de Saúde.
Quanto aos testes, houve queda dos números no comparativo. Em 2022, foram realizados 5.479 testes de HIV, 5.313 de sífilis, 2.718 de hepatite C (HCV) e 2.258 de hepatite B (HBV). Em 2023, os números são, respectivamente, 3.525, 3.400, 2.321 e 2.020.
Para facilitar o acesso, a equipe do Programa Municipal IST/Aids realizará o “Dia D” no CTA – Centro de Testagem e Aconselhamento, nesta sexta-feira, dia 1º. O endereço é rua Amazonas, 161, no Centro. Os testes também estarão disponíveis nas unidades de saúde dos bairros. Na próxima segunda-feira, dia 4, a testagem gratuita poderá ser feita na UPA.
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