Corujas do Bem é premiado entre melhores projetos inclusivos nos EUA
Três iniciativas brasileiras que trabalham com o Transtorno do Espectro Autista foram escolhidas durante o Autism Global Day
Fotos: Divulgação - Prêmio foi recebido em mãos por Mara Gabas (à direita), fundadora do Corujas do Bem
Por Guilherme Gandini | 04 de junho, 2023

O projeto Corujas do Bem, de Catanduva, conquistou o prêmio Global Social Award Infinite Minds 2023, que selecionou três iniciativas relacionadas ao TEA – Transtorno do Espectro Autista que promovem avanços e incrementos na inclusão social, escolar e em políticas públicas na sua comunidade em nível nacional ou regional. O evento foi realizado nos Estados Unidos.

Além do Corujas do Bem, que atende mais de 60 crianças com autismo de Catanduva e região, também foram premiados o ComunicaTEA, de São Paulo/SP, que trabalha a divulgação da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) no Brasil, e os Autistólogos, de Blumenau/SC, plataforma de informação e acolhimento sobre o TEA.

O evento integrou a programação do Autism Global Day, que teve uma série de palestrantes dos melhores profissionais de diversas áreas relacionadas ao TEC, que residem e realizam suas atividades em solo americano. A ação teve curadoria de Grazi Gadia e o troféu entregue foi assinado pelos artistas Chris Zumark, que tem TEA, e Rapha Preto.

Também houve uma tarde de acolhimento voltada às mães de crianças com TEA, o We Mothers Momentum, em que elas subiram ao palco para falar e compartilhar histórias e emoções. E, ainda, o Festival de Artes Qriar para Pessoas com Autismo, com o tema “Eu amo a Amazônia”, em que foram expostas 94 obras recebidas de Portugal, Luanda, Brasil e EUA.

O artista plástico Romero Brito doou cinco quadros para os vencedores do festival de artes, que teve Carlos Gadía e Erinn Lozott como embaixadores e a realização de Eyecontact - fundada por Grazi Gadia e cuja missão é acolher as mães dos autistas - além de Iepsis e Kuzola Mona.

A programação ainda teve apresentações artísticas de autistas, como concerto de violinos e performance com guitarra. As fotografias ficaram por conta de Nicolas Brito Sales, que é autista.

“Foi o primeiro evento realizado por nós. O Carlos Gadia é residente e cidadão americano, há 40 anos ele trabalha aqui, é neuropediatra. Eu moro há 18 anos aqui e sou casada com ele. Nós temos esse projeto social, sempre estivemos envolvidos com a causa do autismo. Mas até então todos os eventos grandes que fizemos foram no Brasil”, detalha a curadora Grazi Gadia.

Ao se tornarem anfitriões e realizadores nos EUA, ela diz que o objetivo é dar acessibilidade e democratizar a informação científica sobre o autismo. “A ideia em princípio seria fazer um tour, começar pelos EUA e ir ao Brasil, Portugal, Angola, com um dia de palestras em cada país de acordo com as necessidades de cada um, porque cada local tem suas demandas e dificuldades.”

A escolha pelos EUA como ponto de partida foi motivada pelo fato de o país oferecer o melhor tratamento do autismo. “É o mais avançado em termos de diagnóstico precoce, inclusão escolar e outras mais, assim como na pesquisa de autismo”, diz ela, completando que obteve vários apoios para a realização, inclusive do teatro que sediou o evento, que doou mais um dia de uso.

O local do evento foi Broward Center for The Perfoming Arts, que fica em Fort Lauderdale - considerada a Veneza dos Estados Unidos, por ser permeada de canais. Com a ampliação da agenda, o acolhimento às mães foi no dia anterior ao das palestras, que é o conteúdo principal.

PREMIAÇÃO

Grazi Gadia explica que o prêmio Global Social Award premiou três projetos sem fins lucrativos e que todos são brasileiros por serem, realmente, os melhores. “Foram mais de 20 projetos inscritos nesse prêmio, foi muito disputado, mas nós fizemos essa escolha bem diversificada, no qual o projeto Corujas do Bem saiu vencedor na parte de assistência clínica-escola”, pontua.

Ela considera que a ação, que teve formato híbrido, foi um sonho realizado. “Carlos e eu somos curadores de vários outros eventos no Brasil, sempre estamos juntos com os pais e mães dos autistas, mas foi como realizar um sonho fazer nos Estados Unidos, não só para a comunidade brasileira que é residente aqui, mas também para a do Brasil e todas que falam português.”

O consulado-geral do Brasil em Miami, não só apoiou institucionalmente o evento, como exaltou o Festival de Artes Qriar para Pessoas com Autismo. “Isso não vai parar por aqui, temos agora outros planos com o consulado”, projeta Grazi. “O Romero Brito doou cinco obras para os vencedores e isso foi incrível, incrível. A gente ficou muito honrado”.

As obras do Festival de Artes foram expostas ao lado das feitas pelo Autismo Sem Máscara, que tem como embaixadora a Suzana Gullo, que é esposa do apresentador Marcos Mion. “Ela veio do Brasil especialmente para esse momento do Autismo Global Day” e também para o lançamento de um livro sobre o Autismo Sem Máscara”, completa Grazi.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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