CEM passa a oferecer atendimento especializado para transexuais
Novo ambulatório possibilita tratamento hormonal para a transição de gênero, além dos serviços psicológico e social
Foto: Divulgação - Carla Mendes, do Conselho LGBT, passou por exames no novo ambulatório do CEM
Por Guilherme Gandini | 12 de fevereiro, 2023

A população T, que é composta por trans e travestis, tem agora um novo serviço na saúde pública de Catanduva. O atendimento especializado tem como foco a hormonioterapia gratuita, oferecida no CEM - Centro de Especialidades Médicas, que funciona no Centro de Saúde Dr. José Perri, o Postão. O ambulatório LGBTQIA+ atenderá às quartas-feiras, das 16 às 19 horas.

O ambulatório conta com atendimento psicológico e serviço social, além do tratamento de terapia hormonal, um dos recursos disponíveis para a transição de gênero de mulheres e homens trans, que não se reconhecem com o gênero atribuído ao nascimento. O responsável será Luiz Gustavo Cunha, médico da Família e Comunidade, pós-graduado em saúde LGBTQIA+.

A disponibilização do tratamento atende demanda reprimida desde 2018. “O acompanhamento com equipe especializada é o correto para estabelecer a dose certa dos medicamentos, além de tratamento ideal, envolvendo toda a equipe e, assim, evitar problemas futuros de saúde relacionados à falta de assistência adequada para esta população”, informa o setor.

O novo protocolo também inclui atendimento diferenciado nas unidades de saúde e Nasf - Núcleo de Apoio à Saúde da Família. Qualquer pessoa LGBTQIA+ interessada no atendimento deve, inicialmente, procurar sua unidade de referência para iniciar todo o processo.

A conquista do atendimento especializado teve envolvimento do Conselho Municipal LGBT e outras pessoas que militaram em favor da causa, como a vereadora Taise Braz (PT). Por falta de atendimento na rede pública, muitas pessoas transexuais acabam recorrendo à automedicação, que gera riscos à saúde e até leva à morte, a partir de danos aos rins e ao fígado, por exemplo.

“Esse atendimento é para travestis e trans, mas também para toda a população LGBTQIA+ que precisar de especialista. Há 8 anos a gente vem lutando por esse direito à saúde. Essa tomada de hormônio indiscriminada sem acompanhamento médico pode causar transtornos e doenças. Agora vamos evitar que a próxima população que comece a fazer uso de hormônio tenha essas patologias ou corra o risco de morte”, explica Carla Mendes, representante do conselho.

Ela frisa que a equipe do CEM foi capacitada para atender e respeitar a população trans e relembra que a luta começou ainda pelas mãos de Vasco da Gama, que liderou o grupo Reveja e depois o próprio Conselho Municipal dos Direitos LBGTs, instituído em 2017. Ela cita ainda o atual presidente do órgão, Rafael Abrão, e o secretário municipal de Saúde, Rodrigo Neves.

“A sensibilidade que os novos gestores tiveram com essa população, mudaram esse fluxo e fizeram com que esse laboratório acontecesse, foi muito importante. É um momento de luta e de agradecimento”, celebra Carla, que fez uso contínuo de hormônios por 20 anos por conta própria e, ao longo da última semana, passou por exames no novo ambulatório do CEM.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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