A população T, que é composta por trans e travestis, tem agora um novo serviço na saúde pública de Catanduva. O atendimento especializado tem como foco a hormonioterapia gratuita, oferecida no CEM - Centro de Especialidades Médicas, que funciona no Centro de Saúde Dr. José Perri, o Postão. O ambulatório LGBTQIA+ atenderá às quartas-feiras, das 16 às 19 horas.
O ambulatório conta com atendimento psicológico e serviço social, além do tratamento de terapia hormonal, um dos recursos disponíveis para a transição de gênero de mulheres e homens trans, que não se reconhecem com o gênero atribuído ao nascimento. O responsável será Luiz Gustavo Cunha, médico da Família e Comunidade, pós-graduado em saúde LGBTQIA+.
A disponibilização do tratamento atende demanda reprimida desde 2018. “O acompanhamento com equipe especializada é o correto para estabelecer a dose certa dos medicamentos, além de tratamento ideal, envolvendo toda a equipe e, assim, evitar problemas futuros de saúde relacionados à falta de assistência adequada para esta população”, informa o setor.
O novo protocolo também inclui atendimento diferenciado nas unidades de saúde e Nasf - Núcleo de Apoio à Saúde da Família. Qualquer pessoa LGBTQIA+ interessada no atendimento deve, inicialmente, procurar sua unidade de referência para iniciar todo o processo.
A conquista do atendimento especializado teve envolvimento do Conselho Municipal LGBT e outras pessoas que militaram em favor da causa, como a vereadora Taise Braz (PT). Por falta de atendimento na rede pública, muitas pessoas transexuais acabam recorrendo à automedicação, que gera riscos à saúde e até leva à morte, a partir de danos aos rins e ao fígado, por exemplo.
“Esse atendimento é para travestis e trans, mas também para toda a população LGBTQIA+ que precisar de especialista. Há 8 anos a gente vem lutando por esse direito à saúde. Essa tomada de hormônio indiscriminada sem acompanhamento médico pode causar transtornos e doenças. Agora vamos evitar que a próxima população que comece a fazer uso de hormônio tenha essas patologias ou corra o risco de morte”, explica Carla Mendes, representante do conselho.
Ela frisa que a equipe do CEM foi capacitada para atender e respeitar a população trans e relembra que a luta começou ainda pelas mãos de Vasco da Gama, que liderou o grupo Reveja e depois o próprio Conselho Municipal dos Direitos LBGTs, instituído em 2017. Ela cita ainda o atual presidente do órgão, Rafael Abrão, e o secretário municipal de Saúde, Rodrigo Neves.
“A sensibilidade que os novos gestores tiveram com essa população, mudaram esse fluxo e fizeram com que esse laboratório acontecesse, foi muito importante. É um momento de luta e de agradecimento”, celebra Carla, que fez uso contínuo de hormônios por 20 anos por conta própria e, ao longo da última semana, passou por exames no novo ambulatório do CEM.
Autor