Catanduvenses reforçam Revolução de 1932, que completa 91 anos hoje
Objetivo do movimento armado era derrubar o governo provisório do presidente Getúlio Vargas; moradores se mobilizaram à época
Crédito: Arquivo/O Regional - Vários catanduvenses foram enviados ao levante e mobilizações aconteceram na cidade
Por Da Reportagem Local | 09 de julho, 2023

Neste domingo, 9 de julho, comemora-se 91 anos da Revolução Constitucionalista de 1932, também conhecida como Revolução de 32 ou Guerra Paulista. O movimento armado ocorreu em São Paulo entre julho e outubro de 1932. O objetivo era derrubar o governo provisório do presidente Getúlio Vargas e convocar uma nova assembleia nacional constituinte.

MMDC é o acrônimo pelo qual se tornou conhecido o levante e representa as iniciais dos nomes dos paulistas mortos pelas tropas federais no confronto ocorrido em 23 de maio de 1932: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo.

O pesquisador e historiador Thiago Baccanelli explica que o contexto que aconteceu a Revolução de 32 foi o descontentamento dos paulistas com Getúlio Vargas, que chegou ao poder após um golpe em 1930, assumindo postura centralizadora e autoritária, suspendendo inclusive a Constituição Federal.

“Quando a gente fala na Revolução de 1932, é importante termos em mente uma política que vinha sendo desenvolvida no Brasil desde o final do século XIX (19), após a proclamação da República. A chamada política café com leite, que consistia na alternância do poder presidencial entre São Paulo e Minas Gerais sofreu uma mudança muito grande no ano de 1930, por consequência da chamada Revolução de 1930, encabeçada por Getúlio Vargas”, conta.

Foi então, a partir desse descontentamento dos paulistas em relação ao governo federal, que alguns movimentos começaram, principalmente na cidade de São Paulo, e depois acabou se espalhando para todo o interior. O estopim para iniciar a luta armada, segundo Baccanelli, foi a consequência do assassinato dos quatro jovens no centro da cidade de São Paulo por partidários do governo de Vargas, que deu origem ao movimento de oposição ao governo federal, conhecido como MMDC.

“Contando com o apoio de várias classes sociais e de diversos grupos da sociedade, em 9 de julho de 1932, eclode o movimento revolucionário, onde São Paulo acreditava contar com apoio de outros estados, o que não aconteceu. Não recebendo o apoio que esperava e tendo à frente a tropa do governo federal, que era muito mais numerosa e mais bem equipada, São Paulo sucumbe frente às tropas federais e acaba se rendendo em 2 de outubro de 1932, na cidade de Cruzeiro”, relata.

Catanduva, como conta Baccanelli, foi uma cidade importante para a revolução. Vários catanduvenses foram enviados ao levante, sendo que dois se destacaram: Antonio Ortega de Haro e Josué Grande.

Ortega morreu em combate em 4 de setembro de 1932, sendo sepultado na própria trincheira e depois seu corpo encaminhado para Catanduva. Já Josué, um dos primeiros a se apresentar para lutar por São Paulo, contraiu uma doença às margens do rio Grande, sendo hospitalizado em Campinas e transferido para São Paulo, falecendo em 21 de setembro daquele ano. Eles estão sepultados no Cemitério Nossa Senhora do Carmo, onde existe um monumento, obra do escultor Oscar Valzacchi.

“Vários catanduvenses participaram da luta armada, enfrentando as mesmas situações duras: medo da morte, sentindo falta daqueles que deram suas vidas às lutas, a saudade dos familiares, da própria

cidade como um todo. E aqui em Catanduva, enquanto esses voluntários estavam na revolução, os catanduvenses se juntavam e montaram o que se chamou de Patrulha Constitucionalista, que era um grupo responsável por garantir a ordem e segurança na cidade, já que os militares estavam na luta armada. Além disso, foi criado aqui na cidade o batalhão feminino Estrela do Sul, que tinha como objetivo dar toda a assistência aos familiares dos combatentes”, destaca o historiador.

HISTÓRIA PESSOAL

Baccanelli tem uma relação ainda mais próxima, além de estudar a revolução como historiador, pois seu bisavô foi o último ex-combatente a morrer. Altino da Cruz Prates, falecido em 2010, lutou durante três meses em Botucatu. “Tenho essa situação familiar importante, pois aproxima. Muitas vezes falamos da história como elementos separados da nossa realidade, como se estivessem acontecendo em outro tempo e espaço desconectados do nosso dia a dia. Isso é muito importante de relembrar, porque datas como essa são para refletir e manter a história sempre viva na mente e no coração de todos aqueles que foram de certa maneira influenciados pelo conflito”, pontua.

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Da Reportagem Local
Redação de O Regional

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