
Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que o Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência, o que representa 7,3% da população com dois anos ou mais. Além disso, foram identificadas 2,4 milhões de pessoas com autismo, dados coletados pela primeira vez. As informações são parte de dados da amostra do Censo Demográfico de 2022.
Os dados também revelaram que as mulheres são em maior número, representando 8,3 milhões contra 6,1 milhões de homens com deficiência. O censo revelou ainda que as pessoas com deficiência visual representam 4,3%, deficiência motora 2,2%, auditiva 1,2%, intelectual 0,7% e as pessoas com autismo, mensuradas disse pela primeira vez, são 1,2% da população brasileira.
Em Catanduva, o Censo Demográfico identificou 7.519 pessoas com deficiências, equivalente a 6,6% da população de 2 anos ou mais de idade, em 2022. São 3.888 (3,4%) com deficiência visual, 1.512 com deficiência auditiva (1,3%), 3.257 com deficiência física (2,9%), 1.821 com deficiência motora (1,6%) e 1.672 com deficiência intelectual (1,5%).
A secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Anna Paula Feminella, ressaltou que a divulgação dessas informações é fundamental para permitir que o Estado aprimore suas ações para a garantia de direitos.
“Os números são importantes para que possamos desenvolver políticas públicas mais direcionadas a esse segmento da população, que historicamente tem sido invisibilizado devido às múltiplas barreiras enfrentadas na sociedade — sejam elas arquitetônicas, urbanísticas ou comunicacionais ", frisou.
O professor e consultor em inclusão e acessibilidade Francisco Rodrigues Neto, de Catanduva, vai no mesmo sentido – e reforça que as barreiras ainda são inúmeras.
“Quando nós analisamos o acesso aos direitos fundamentais, nós identificamos que as pessoas com deficiência ainda encontram enormes barreiras para ter acesso igualitário aos mesmos direitos que são garantidos às pessoas não deficientes. Então o censo nos apresenta que as pessoas com deficiência ainda, numa análise percentual, elas estão muito abaixo em relação ao acesso à educação, à qualificação profissional, ao mercado de trabalho”, pontua.
Ele ressalta que as pessoas com deficiência também possuem renda per capita menor do que as pessoas sem deficiência. “Esses dados demonstram ainda que existe uma grande barreira em nosso país, que ainda necessitamos de políticas públicas mais efetivas, que incentivem e que estimulem as pessoas com deficiência a exercer os seus direitos, como ter acesso à educação, ao trabalho, ao esporte, ao lazer e à cultura.”
Dentro de uma análise das principais políticas, dos principais direitos, o acesso à educação, teve um destaque especial no censo. De acordo com os resultados apresentados, o índice de analfabetismo para pessoas a partir de 15 anos com deficiência era de 21,3%, enquanto que o índice para a mesma faixa etária para as pessoas sem deficiência era de 5,2%. Ou seja, praticamente quatro vezes maior o índice de alfabetismo para as pessoas com deficiência.
Outro dado é que 63,1% das pessoas com deficiência com mais de 25 anos não tinham instrução nenhuma ou não haviam completado o ensino fundamental. “Num dado comparativo, para nós vermos o abismo que esse dado nos apresenta, entre as pessoas sem deficiência, a proporção era de 32%. Ou seja, entre as pessoas com 25 anos ou mais de idade 63% das pessoas com deficiência não completaram o ensino fundamental e esse dado para pessoa sem deficiência representa 32%, demonstrando que, claro, ainda há uma grande barreira, ainda há dificuldade de acesso a esse público na escolarização.”
O consultor indica outro dado ligado à educação que também revela como as pessoas com deficiência ainda estão aquém das principais políticas públicas: 7,4% das pessoas com deficiência concluíram o ensino superior. Em contrapartida, 19,5% das pessoas sem deficiência haviam completado o ensino superior, conforme apurado pelo Censo Demográfico, em 2022.
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