A Secretaria de Saúde de Catanduva promove no sábado, dia 6, uma campanha municipal para a atualização da caderneta de vacinação. A iniciativa tem como foco crianças e adolescentes de 0 a 14 anos para atualizar as vacinas do calendário de rotina. Também serão administradas vacinas contra a Influenza para os grupos prioritários e contra a Covid-19, de acordo com os grupos elegíveis.
A atualização das cadernetas de crianças e adolescentes e a vacinação contra Influenza acontecerão das 8 às 17 horas no Centro de Especialidades Médicas – CEM, o antigo Postão, e em todas as unidades de saúde dos bairros, com exceção das USFs do Gabriel Hernandez, Jardim Salles e Pachá, que estão fechadas temporariamente para reforma.
Já a imunização contra Covid-19, que incluirá as doses da Pfizer Bivalente para reforço para todas as pessoas acima de 18 anos e para adolescentes acima de 12 anos imunossuprimidos será realizada no CEM e nas unidades de saúde do Gavioli, Jardim Imperial, Jardim Soto, Parque Glória III e Solo Sagrado, que são postos de atendimento fixos para esse tipo de imunizante.
Em fevereiro, o Ministério da Saúde lançou o Movimento Nacional pela Vacinação, com o objetivo de atingir 90% da cobertura vacinal no país. Isso porque dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI) apontam para descenso da cobertura vacinal a partir do ano de 2016 e sem a indicação de retomada. Atualmente, essa cobertura remonta aos números da década de 1980. Em 2021, os indicadores de crianças com menos de 1 ano de idade vacinadas atingiram o menor patamar histórico.
Já de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os números do ano passado mostram que o Brasil está hoje entre os 10 países com a maior quantidade de crianças com vacinação atrasada, uma possível consequência das mensagens contrária à ciência.
De acordo com o médico infectologista Ricardo Santaella Rosa, o problema é que a desconfiança da população em relação às vacinas pode levar ao aumento da mortalidade de doenças evitáveis. “Isso se deve a uma série de fatores, mas sem dúvida alguma à epidemia que teve de notícias falsas sobre a agressividade da vacina, os efeitos colaterais, isso contribuiu bastante para a queda da vacinação. Estamos com um problema sério agora para tentar resolver essa situação”, afirma.
Com a vacinação contra o vírus da Covid-19, a vida pôde ser retomada após um longo período de isolamento, porém com o passar dos anos, muitas pessoas têm atribuído à vacina o aumento de doenças cardíacas e neurológicas entre pessoas de até 45 anos, além do aparecimento de tromboses.
Segundo o especialista em Infectologia, os efeitos colaterais da vacina da Covid-19 são os que qualquer outra vacina pode dar. Para ele, o que deve ser, de fato, calculado é o que chama de “risco benefício”.
Ou seja, conforme argumenta, o risco de se ter um efeito colateral de uma vacina, por exemplo da Covid, é muito menor que o risco de você pegar a doença em si e ter esse mesmo efeito.
“Doenças cardíacas, neurológicas, trombose, entupimento das veias, por exemplo, se você pegar Covid o risco é muito maior do que se tiver tomando a vacina. São muito raros esses riscos de vacina da Covid para esses efeitos colaterais”, diz o infectologista.
Tempo de fabricação da vacina amplificou polêmica
Santaella ainda discorre sobre o tempo de produção de uma vacina, visto que um dos fatores que causa desconfiança na população é o fato da vacina contra a Covid-19 ter sido feita de forma rápida diante da situação que estava sendo vivida, algo que poderia torná-la ineficaz. Por isso, Santaela recorda da epidemia da Influenza H1N1, em 2009, que também foi violenta, mas menos marcante. Neste caso, a vacina foi produzida em apenas três meses.
“Até você começar a fabricar vacina e até estar disponível no mercado depende muito da vacina. Tem vacinas que demoraram tempos, décadas, para estarem prontas para o mercado. Outras são mais rápidas. Tudo depende do tipo da vacina e do tipo do vírus ou da bactéria que se vai combater. Por exemplo, a vacina da gripe, contra a Influenza, é uma vacina que é rapidamente feita. Nós tivemos a epidemia de 2009 da Influenza H1N1, que marcou muito, mas ela foi uma epidemia violentíssima e a vacina ficou pronta em dois ou três meses. A vacina da Aids, do vírus HIV, é estudada há muito tempo, décadas, mas até hoje não se encontrou uma que dê resultado satisfatório para ser usada”, exemplifica o infectologista.
Diante desse cenário, o médico destaca que, caso a sociedade queira mudar a forma com a qual lida com a vacinação, é preciso, primeiro, combater essas notícias falsas. “Deve ser feita uma campanha muito grande em nível nacional, que deve ser repercutir em nível estadual e também nos municípios, contra as ‘fake news’ contra a vacina, porque nós já tivemos isso, já tivemos coberturas vacinais fantásticas no Brasil. Temos aproximadamente mais de 20 vacinas disponíveis, tanto para adulto quanto para criança. É uma questão de retomar fazendo grandes campanhas e que as pessoas se preocupem em discutir mais sobre vacinas e procurem se vacinar sempre que possível.”
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