Catanduva cresce pouco em 12 anos: o que o resultado do Censo sinaliza
População aumentou pouco mais de 2 mil pessoas no período, segundo prévia divulgada pelo IBGE, mas recursos podem diminuir
Foto: Paulo Roberto Ornellas - Resultado do Censo ainda pode mudar, já que os agentes continuam em campo até 30 de janeiro
Por Guilherme Gandini | 01 de janeiro, 2023

A prévia do Censo Demográfico 2022 divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que Catanduva cresceu pouco no quesito populacional, nos últimos 12 anos, desde a última contagem censitária. Levando-se em conta a estimativa traçada para 2021, o resultado até sugere que a população “encolheu”, apesar do aumento registrado no período.

De acordo com os dados do IBGE, foram contados 114.953 habitantes na cidade até o dia 25 de dezembro, revelando crescimento de 1,8% na comparação com os 112.820 contabilizados pelo Censo de 2010. Por outro lado, a estimativa do instituto para o ano passado era de que a cidade teria por volta de 123.114 moradores – número que ficou bem distante da realidade.

O resultado do Censo ainda pode aumentar, já que os agentes continuam em campo. “Essa relação é uma prévia da população até hoje, poderá sofrer alterações até 30 de janeiro, ainda estamos em campo verificando domicílios que estão ausentes de moradores e recusas por parte de moradores também”, explica Edson da Silva, coordenador de área do IBGE.

Até o dia 18 de dezembro, conforme noticiado por O Regional, cerca de 1,9 mil domicílios estavam com moradores ausentes – que não estão sendo localizados pelos recenseadores e 430 pessoas ainda se recusam a responder os questionários ou a atender as equipes. Outras 6,5 mil imóveis foram classificados como vagos e 2 mil considerados de uso ocasional.

“Seguimos fazendo todo o esforço para, até o último dia, chegar à população mais próxima da nossa realidade. Ao final, mostraremos todos os números e indicadores de forma transparente”, diz Silva, reconhecendo que nada indica para mudança verdadeiramente drástica no cenário.

PRÉVIA PARA O TCU

O IBGE enviou a prévia da população brasileira ao Tribunal de Contas da União (TCU), na quinta-feira, 28. Todo final de ano, o órgão entrega ao TCU a relação da população de todos os municípios, mas, sem a conclusão do Censo, o instituto decidiu realizar um cálculo da população com base nos dados já levantados. No país, foram contabilizadas 207.750.291 pessoas.

O número de habitantes é utilizado na definição do Fundo de Participação dos Municípios, o FPM, e para determinar o tamanho das representações políticas, como na quantidade de vereadores e de deputados federais e estaduais. A contagem populacional também tem reflexo na composição de outros tributos, a exemplo do ICMS, que é repartido entre as cidades.

Especialista afirma que é preciso analisar dados e agir

O que o crescimento tímido de Catanduva, se confirmado, sinaliza? A questão foi apresentada por O Regional ao administrador Fabio Rinaldi Manzano, membro do Grupo de Excelência em Gestão Pública do Conselho Regional de Administração do Estado de São Paulo (GEGP CRA/SP). “Primeiro será preciso analisar o total da população brasileira e ver qual movimento foi feito. O mesmo vale para a população de São Paulo. Se o crescimento foi semelhante ao de Catanduva, não devemos ter grandes mudanças em repasses de tributos, por exemplo. Por outro lado, se o país e o estado cresceram mais, o município poderá perder repasses de recursos e, se for o sentido oposto, tende a ganhar”, pontua Manzano, com relação à área financeira.

O especialista alerta que o Censo deve ser utilizado para a tomada de decisões sobre políticas públicas: “Os dados do IBGE devem ser minuciosamente analisados e utilizados pelos gestores públicos, principalmente os prefeitos e secretários municipais. Por exempo: a faixa etária da população em cada bairro é um importante indicador para fundamentar a implantação de creches ou escolas, evitando gastos desnecessários com transporte escolar ou o improviso através de “puxadinhos” nas unidades existentes, muitas delas até recém-construídas”.

Outro exemplo citado por ele é com relação à aprovação e implantação de loteamentos, principalmente para a população de baixa renda. Manzano esclarece que tais empreendimentos devem ter como referência a evolução das características da população, evitando a criação de “bolsões de pobreza” ou o “cercamento” do município com loteamentos populares que, além de demandarem muitos serviços públicos, ainda podem tomar o lugar de distritos industriais que tendem a gerar oportunidades e riqueza para a população. “Planejar é preciso”, ressalta.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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