Banalização nas redes sociais promove visão errônea sobre o TDAH
Crédito: Divulgação - Carolina Solfa Machado é terapeuta ocupacional, credenciada ao Atendimento Lar Unimed, da Unimed Catanduva
Diversos vídeos e textos sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade viralizaram na internet, preocupando especialistas
Por Stella Vicente | 01 de novembro, 2022

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, popularmente conhecido por sua sigla TDAH, tornou-se tema de discussão nas redes sociais. Vídeos e textos buscam caracterizar determinados comportamentos como sendo “sintomas” do transtorno, fazendo com que diversas pessoas acreditem ter TDAH apenas por apresentar algumas dessas atitudes.

Este é um transtorno neurobiológico, que ocorre devido a uma disfunção neurológica no córtex pré-frontal. Existem na população genes diferentes que controlam a quantidade de produção e receptação da dopamina e da serotonina, então quando um desses genes são transmitidos para um indivíduo, mudam a dinâmica dos sistemas de dopamina e serotonina e acarretam o TDAH.

Dessa forma, só pode ser diagnosticado por profissionais capacitados, através de uma avaliação individual que segue determinados passos. O primeiro é realizar entrevistas com os pais, depois com os professores, que em seguida preenchem questionários e escalas de sintomas. Em seguida é feita uma avaliação e a observação da criança em um consultório. Posteriormente, é feita uma avaliação neuropsicológica e uma psicopedagógica. Por fim, um fonoaudiólogo e um terapeuta ocupacional também fazem uma avaliação.

Para Carolina Solfa Machado, terapeuta ocupacional, credenciada ao Atendimento Lar Unimed, da Unimed Catanduva, essa banalização acaba trazendo uma maneira errônea na identificação real do transtorno. “É necessário fazer uma averiguação com os médicos neurologistas e/ou psiquiatras para fechar um diagnóstico de TDAH que acaba afetando a vida de uma maneira bastante global de uma criança ou de um adulto”, explica a profissional.

Ela ainda relata que, assim como em crianças, é muito comum adultos terem esse transtorno, o que justifica comportamentos como desatenção no trabalho e deixar de focar em objetivos de vida, por exemplo. Em casos como esse, para saber se estão enquadrados dentro do TDAH, é preciso também fazer avaliações neuropsicológicas.

O diagnóstico precoce pode ajudar, segundo Carolina, sendo essencial que as famílias estejam atentas a sintomas que se encaixam em determinados subtipos. São eles o subtipo predominantemente desatento, caracterizado por comportamento letárgico, falta de motivação, dificuldades em atividades de velocidade de processamento, menor autoconfiança, baixos desempenhos em leitura e compreensão, dificuldades em atividades perceptomotoras, desordem cognitiva, dificuldade em atenção focalizada, sintomas internalizantes (depressão, ansiedades e dificuldades na aprendizagem); subtipo predominantemente hiperativo/impulsivo, onde apresentam dificuldades em completar tarefas sequenciais, maior número de repetência escolar, agitação motora, dificuldade de controlar impulsos, inquietação e atividade excessiva; e subtipo combinado, onde há maior comprometimento nas funções executivas, maior número de erros em atividades que necessitam de maior atenção, concentração e organização.

Quanto ao tratamento, o médico que faz o diagnóstico verifica a necessidade do tratamento medicamentoso e encaminha para a intervenção com uma equipe multidisciplinar, composta por médico neurologista e/ou psiquiatra, para verificar o quadro clínico e para alterações medicamentosas; fonoaudiólogo, para trabalhar habilidades comunicativas, processamento auditivo como, por exemplo, memória auditiva, figura fundo entre outros; psicólogo, que atua nas oscilações de humor e na habilidade em lidar com situações estressantes e impaciência; e terapeuta ocupacional para execução das tarefas cotidianas mantendo a atenção e habilidades funcionais, além das habilidades escolares.

Carolina ressalta a importância de que se tenha esse acompanhamento profissional em casos de TDAH. “Como essa criança apresenta um transtorno de déficit de atenção, impulsividade, agitação psicomotora devido à hiperatividade, ela não consegue focar sua atenção de forma adequada para que ocorra uma evolução de seu desenvolvimento”, aponta a terapeuta ocupacional.

Autor

Stella Vicente
É repórter de O Regional.

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