Antidepressivo é o segundo medicamento mais receitado na rede pública de Catanduva
Fármaco psiquiátrico é destinado a transtornos mentais como a depressão, ansiedade, TOC, distúrbio do sono, hiperatividade e outras condições
Por Guilherme Gandini | 05 de junho, 2022
 
Os antihipertensivos lideram o ranking de medicamentos receitados na rede pública de saúde de Catanduva, sendo seguidos pelos antidepressivos e, em terceiro lugar, pelos antidiabéticos. O pódio revela que os transtornos mentais, como a ansiedade e a depressão, estão entre os problemas mais relatados pelos pacientes que buscam atendimento médico nos postinhos.  
 
Os antidepressivos são remédios psiquiátricos que atuam no controle de neurotransmissores do sistema nervoso central para enfrentar transtornos como depressão, ansiedade, distúrbio do sono, hiperatividade, esquizofrenia, entre outros.  Eles agem como guias dos neurônios, indicando a quantidade correta das substâncais que devem permanecer no organismo.  
 
“O antidepressivo não é usado apenas para a depressão. Embora ele tenha esse nome, existem estudos que buscam mudar essa nomenclatura, pois ela causa essa impressão. Na verdade, ele é usado para uma série de outros transtornos mentais, como ansiedade generalizada, TOC, transtorno de estresse pós-traumático e várias outras condições”, pondera Marina Toscano, psiquiatra adulto e infantil-juvenil, CEO e docente da Academia Nacional de Psicologia.  
 
Segundo a especialista, o grande volume de antidepressivos receitados é fruto da somatória dos vários casos possíveis. “Somam-se os números”, diz ela. “A gente sabe que a depressão é extremamente prevalente no mundo, muitas vezes até maior que a diabetes e a hipertensão, mas quando falamos de antidepressivo não falamos só sobre esse público”, completa.  
 
“O Brasil é o país com maior prevalência de ansiedade no mundo. Estima-se que até 15% da população tenha ansiedade. Então acredito que esse número (de antidepressivos receitados) reflita a somatória de transtornos em que usamos o antidepressivo”, sugere a profissional.
 
Outro ponto que colabora para o alto número, diz Marina, é que as pessoas estão deixando de ter preconceito e procurando assistência médica nos casos de transtornos mentais.  
Psicóloga Fernanda Costa frisa que, nos últimos anos, também há o reflexo da pandemia 
 
A tese é confirmada pela psicóloga clínica e social Fernanda Affonso Costa, que diz que o número de pacientes que fazem uso de antidepressivos tem aumentado. “Temos percebido o aumento do número de pessoas que nos procuram devido a transtornos de ansiedade, depressão, estresse, que precisam de encaminhamento para psiquiatra e de tratamento medicamentoso.”  
 
Ela frisa que, nos últimos anos, também há o reflexo da pandemia. “Todo o processo de dor e sofrimento que a pandemia trouxe, com a perda de familiares, de emprego, uma mudança de vida muito grande, com isolamento social e tudo mais,  fez com que esse número aumentasse ainda mais. O número de antidepressivos revela a quantidade de pessoas que procuram ajuda.”  
 
MAL DO SÉCULO  
 
A psicóloga e palestrante Lilian Buniak, que atende em sua clínica particular e trabalha na Fundação Padre Albino e como psicóloga escolar em Pindorama, relembra que o uso crescente de antidepressivos já se desenhava no início dos anos 2000. Segundo ela, já se sabia que a depressão se tornaria o Mal do Século pela junção dos campos que afetam o comportamento.  
Psicóloga Lilian Buniak alerta que haverá a quarta onda pandêmica no âmbito mental
 
“Hoje o indivíduo trabalha muito para poder manter a sua casa, isso faz com que se reduza o tempo para lazer, gere estresse e passe a ter menos contato com os filhos, afetando o lado afetivo e as relações interpessoais e sociais e, como se não bastasse, o indivíduo trocou momentos de atividades para se distrair com a tela do computador ou celular”, detalha.  
 
O correto do ser humano, reforça, é o toque, abraço, sorriso, o compartilhar presencialmente. “As gerações foram nascendo com menos tempo com os pais, o celular no lugar do afeto, e isso gerou uma grande quantidade de vazio interior, relações afetivas vazias que culminaram na depressão de adolescentes, adultos jovens, aumentando o uso desses remédios.”  
 
A profissional alerta que esses números irão aumentar. “Vivenciaremos dentro de poucos anos a quarta onda pandêmica, mas no âmbito mental, devido ao desastre de interações nulas trazidas pela pandemia”, diz ela “No momento, antigos hábitos de reunir a família, sentar na calçada e conversar com os vizinhos, viajar e esquecer o celular são as melhores opções.” 

Medicamentos Top 10 na rede pública de Catanduva  

Fármacos - Janeiro a Abril de 2022 

Quantidade 

 

Antihipertensivo 

2.065.036 

2º  

Antidepressivo 

1.026.681 

 

Antidiabético 

837.322 

4º  

Analgésico 

778.093 

5º  

Anticonvulsionante 

474.832 

6º  

Redutor de acidez gástrica 

468.432 

 

Repositor Hormonal Tireoidiano 

450.830 

8º  

Antilipemicos 

432.547 

9º  

Ansiolítico 

397.524 

10º  

Antiinflamatório não hormonal 

240.827 

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde 

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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