Sindicato dos Bancários abraça projeto de apoio a mulheres vítimas de violência doméstica
Setor atendeu 273 casos de violência doméstica contra funcionárias no país durante a pandemia
Foto: DIVULGAÇÃO - Roberto Vicentim (à direita) diz que sindicato vai intervir para que mulher seja atendida juridicamente
Por Guilherme Gandini | 24 de maio, 2022
O Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região está realizando os levantamentos necessários para adesão e atuação com o projeto 'Basta! Não irão nos calar!', proposto pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e direcionado à implantação de serviços e atendimento de mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.  

O atendimento é de assessoria jurídica, desde a orientação para a procura dos canais e serviços públicos até sobre questões como guarda dos filhos.  

“Isso é um tema de preocupação. Na pandemia, houve aumento de casos de violência doméstica em todo o país e, atentos às necessidades da categoria, conseguimos (movimento sindical) que fossem criados os canais de atendimento e atenção às bancárias que estão sofrendo qualquer tipo de violência doméstica”, relata Roberto Carlos Vicentim, presidente do sindicato.  

Os canais de atendimento citados pelo sindicalista foram objeto de termo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho, em 2020, prevendo ações que os bancos deveriam tomar para prevenir a violência contra as mulheres bancárias. O aumento dos índices estava muitas vezes associado ao maior tempo de convivência entre vítima e agressor devido ao isolamento social.  

A categoria bancária foi a primeira a conquistar cláusulas em acordo coletivo sobre igualdade de oportunidades e a única a manter uma mesa permanente de negociações com representantes patronais sobre questões de gênero, raça e orientação sexual.  

Segundo Vicentim, com o projeto 'Basta!', a entidade vai intervir, intermediar, ser o parceiro para que a mulher seja atendida juridicamente e em questões que exijam encaminhamentos para entidades de apoio. “A gente vai fazer uma prestação de serviço de apoio à bancária.” 

Com o projeto em implantação, o Sindicato dos Bancários de Catanduva não dispõe, ainda, de números específicos de casos de violência em sua base. “O medo, receio, pressão e o assédio propriamente dito faz com que a mulher oculte a violência que ela sofre”, lamenta Vicentim. 

"A violência doméstica não é um problema só das mulheres. É um problema social, um drama para inúmeras famílias. Tem consequências até na economia. Uma pesquisa da Universidade Federal do Ceará mostra que a economia do país perde R$ 1 bilhão com os impactos desse problema. A pesquisa é de 2017 e o problema deve estar muito maior agora, com a pandemia", destacou a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis. 

11 BANCÁRIOS POR MÊS  

Levantamento feito pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) com 25 instituições financeiras mostrou que os casos de violência doméstica e familiar contra mulheres que atuam no setor bancário cresceu 10,7% em 2021 na comparação a 2020. A cada mês, 11 bancárias são agredidas de forma física, moral, patrimonial, psicológica, sexual e virtual por seus companheiros, parentes ou pessoas de seu convívio familiar.  

Em dois anos de pandemia, entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2022, os bancos acolheram 273 pedidos de ajuda de colaboradoras vítimas de violência nos canais de atendimento recém-criados. Foram 121 casos em 2020, 134 casos em 2021 e 18 casos atendidos pelos bancos até fevereiro deste ano. Onze solicitações de transferência de localidade de trabalho a colaboradoras vítimas de violências foram atendidas pelos bancos no período.  

Atualmente, as mulheres representam 49% dos cerca de 450 mil empregados do segmento bancário brasileiro, que trabalham em aproximadamente 3,3 mil municípios do país. 

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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