Psicóloga fala sobre sequelas emocionais provocadas pela pandemia
Juliana Fumagalli diz que os medos mais acionados foram o da morte e de ficar doente, de contaminar os outros ou das repercussões econômicas
Foto: ARQUIVO PESSOAL - Juliana Fumagalli recomenda evitar ler ou ouvir demais sobre o tema e buscar outros assuntos
Por Guilherme Gandini | 11 de junho, 2022
 

A sensação de vulnerabilidade experimentada na pandemia, em que o mundo enfrentou um vírus, algo que não se enxerga, nem se pode tocar, deixou as pessoas inseguras e sem perspectiva de controle.

“Temos a necessidade de controlar algumas condições e a Covid-19 veio nos mostrar que, além do medo, não temos preparação psicológica para lidar com a grandiosidade de uma pandemia”, sentencia a psicóloga Juliana Fumagalli, da Clínica Médica Spazio Vitalità.  

A profissional ressalta que somos seres extremamente sociáveis, que gostamos da liberdade, sobretudo no direito de ir e vir. “Este que nos foi ceifado neste período devido ao vírus”, pontua.   

Através dessa perspectiva, Juliana diz que os medos mais acionados foram o da morte ou de ficar gravemente doente, de contaminar os outros ou das repercussões econômicas, o que tem relação direta a quadros de ansiedade (incluindo pânico e ansiedade generalizada), estresse pós-traumático, depressão, angústia, solidão, comportamentos obsessivos, acumulação, paranoia, reações de evitação, sensação de desesperança, ideação suicida e atos consumados de suicídio. 

“Atualmente, a busca pela ajuda profissional de um psicólogo aumentou, seja para crianças em fase escolar, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Não houve distinção, pois a situação foi precária e cheia de prejuízos para todos nós”, relata. 

A pedido do Jornal O Regional, a especialista listou possíveis dicas que possam amenizar os sintomas acarretados pelo período de isolamento ou mesmo pela pós-contaminação, sendo a primeira o planejamento de uma rotina, mesmo para quem fica dentro de casa ou em trabalho remoto: mantenha horários regulares para se levantar e deitar, cuidados usuais e alimentação. 

“Identifique pensamentos intrusivos, repetitivos e catastróficos que levem à ansiedade; aceite que eles existem, mas que não necessariamente correspondem à realidade. Descubra o que funciona para seu alívio”, sugere Juliana. 

Outras recomendações são evitar ler ou ouvir demais sobre o tema, buscar outros assuntos e fugir de notícias sensacionalistas ou que tragam ansiedade, e focar somente os comportamentos preventivos que estejam sob seu controle, como lavar as mãos e manter distanciamento.  

“Proteja suas crianças, sem fomentar o medo ou o pânico. Ensine de forma lúdica e simples como elas podem se proteger. Proteja seus idosos, informando-os sobre os cuidados necessários diante da pandemia. Acolha os medos e auxilie com as dúvidas”, diz. 

Juliana também indica atividades relaxantes, como meditar, escutar música, assistir a filmes, ler livros ou fazer cursos online. “Organize armários, separe roupas e objetos para doação, faça pequenos reparos em casa, cultive os laços afetivos, aproveite a convivência familiar, mantenha contato com amigos e telefone para alguém com quem não conversa há muito tempo.” 

Outra estratégia, afirma a profissional, é buscar formas de ajudar a comunidade. “A solidariedade e a cooperação auxiliam os dois lados e aumentam a satisfação e os vínculos sociais”, garante. “Aceite o momento presente, mas lembre-se de que vai passar. Se estiver em sofrimento intenso, busque ajuda profissional de psicólogos e psiquiatras, mesmo à distância.” 

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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