Tremores nas mãos, rigidez muscular e lentidão são os sintomas “clássicos” da Doença de Parkinson, porém, as pessoas precisam saber que não são os únicos e, muitas vezes, a pessoa está doente, porém não apresenta estes sintomas, muitas vezes, adiando o diagnóstico.
É para que a sociedade saiba desta e de muitas outras informações importantes que em abril há o Dia Nacional do Portador da Doença de Parkinson (4) e o Dia Mundial da Conscientização da Doença (11).
“Precisamos saber mais sobretudo para podermos identificar sintomas que indicam a possibilidade de a pessoa estar doente e procurar o médico o quanto antes”, ressalta o neurocirurgião Carlos Rocha, do Austa Hospital, de São José do Rio Preto.
O “Parkinson” afeta os movimentos da pessoa, causando tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, além de alterações na fala e na escrita. Sobre a doença, é muito importante a população ter ciência de que, embora 80% dos portadores têm mais de 65 anos, ela não é doença exclusiva de idosos.
“Os jovens respondem por 20% dos casos, um percentual bastante expressivo. Por isso, todos nós precisamos conhecer e estar atentos aos sintomas”, ressalta Carlos Rocha, de cujo um dos grandes focos de sua atuação é o tratamento desta doença, sendo inclusive objeto de sua tese de doutorado pela Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), em 2019.
Adultos jovens como a jornalista Renata Capucci, diagnosticada em 2018 aos 45 anos. A história de Renata demonstra claramente a visão restrita que se tem sobre os sinais do Parkinson. O primeiro sintoma não foi tremedeira. “Comecei a mancar e as pessoas falavam para mim: ‘por que você está mancando?’ E eu falava: ‘eu não estou mancando’. Eu não percebia que estava mancando”, contou a jornalista.
Além de Renata, outras celebridades que descobriram cedo foram o ator Michael J. Fox, famoso pela franquia do cinema "De Volta para o Futuro", diagnosticado aos 29 anos, e o cantor Eduardo Dusek, com pouco mais de 50 anos.
No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas sejam portadores. O neurocirurgião explica que a doença tem evolução lentamente progressiva e os sintomas geralmente são assimétricos (ou seja, mais fortes em um lado do corpo do que o outro) e vão evoluindo gradativamente, apresentando inclusive sintomas não motores como depressão, constipação intestinal e transtorno comportamental do sono – REM. Com a evolução da doença, podem surgir distúrbios de equilíbrio e marcha, alterações de fala e alterações cognitivas
A cura ainda não foi alcançada. Carlos Rocha explica que os tratamentos disponíveis são o medicamentoso, a base de dopamina, reabilitação multidisciplinar e o cirúrgico.
“Importante destacar ser fundamental que o paciente conte com o cuidado de uma equipe multiprofissional, envolvendo muitas vezes neurologista, neurocirurgião, enfermeira,
fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, fonoaudiólogo, nutricionista, entre outros, ”, afirma o médico. Juntos, os profissionais irão desenvolver programas terapêuticos de reabilitação, buscando evitar e/ou retardar a perda das funcionalidades e habilidades motoras do paciente.
Ocorre que, após 7 a 10 anos de tratamento clínico, a resposta do paciente aos medicamentos pode retroceder e movimentos involuntários voltarem a aparecer, o que demandará dos médicos avaliarem por recorrer à cirurgia. Neste procedimento, conhecido pela sigla DBS (Deep Brain Stimulation ou estimulação cerebral profunda), o cirurgião implanta eletrodos no cérebro para estimular a área responsável pelo controle motor, permitindo assim a redução da medicação ao paciente e a melhoria da funcionalidade e qualidade de vida.
Cada vez mais há o consenso entre os médicos neurologistas especialistas em Parkinson de que o momento certo de realizar a cirurgia é quando o efeito dos medicamentos começa a flutuar e as possibilidades de ajuste clínico esgotam-se.
Os benefícios de se antecipar o procedimento cirúrgico foram demonstrados em estudo realizado por alemães e franceses e publicado no The New England Journal of Medicine, uma das publicações de maior referência no mundo.
“Ficou demonstrado que, se antecipada, a cirurgia permite a redução da dosagem de medicamentos e a melhora do estado de saúde do paciente e, consequentemente, da qualidade de vida, ajudando o tratamento e permitindo ao paciente ter mais tempo de vida ativa, produtiva”, destaca o neurocirurgião.
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