De acordo com dados do Ministério da Saúde, no ano passado, o número de óbitos causados pela dengue superou o índice de mortes por Covid-19, no país. O levantamento indicou que houve 6.041 óbitos registrados pela doença transmitida pelo Aedes Aegypti, enquanto 5.960 foram por SARS-CoV-2.
Em decorrência das altas temperaturas e fortes chuvas, que causam o acúmulo de água em superfícies como vasos de planta, pneus e lixeiras, o verão é a estação do ano mais propícia para que as fêmeas coloquem ovos e multipliquem os mosquitos.
O Aedes Aegypti, além de transmitir a dengue, também causa o Chikungunya e a Zika, doenças que possuem sintomas parecidos e que também precisam de cuidados.
Para o médico de Família e Comunidade, João Marcelo Porcionato, o dado é importante e faz lembrar que a dengue pode ser fatal. “Temos que tomar os devidos cuidados, trabalhar muito a prevenção para que não tenhamos cada vez mais surtos e epidemias de dengue”, frisa.
Ele reforça que Catanduva é uma cidade endêmica, ou seja, que registra casos de dengue o ano todo, incluindo no período de estiagem. O diagnóstico correto, reforça, é essencial para que o tratamento ocorra de maneira efetiva – sobretudo diante da confusão entre os sintomas.
“Temos visto que muitos pacientes confundem quadro de gripe com dengue. Alguns sintomas são comuns: febre, dores no corpo, dor de cabeça, porém, é importante ressaltar que a gripe sempre cursa com o quadro respiratório, nariz escorrendo, tosse, dor de garganta, espirros, é um quadro mais comum falando em gripe. Quando nós temos somente a febre, a dor de cabeça, dor no corpo, mal-estar, náuseas, aí eu penso mais a favor de dengue”, pontua.
O médico salienta que, ao não se sentir bem, a pessoa deve procurar seu médico de referência para avaliação clínica e eventuais exames laboratoriais. “Tem muita gente acha que é gripe, mas é dengue, acha que é dengue, mas é gripe. E fica fazendo o tratamento de forma errada.”
Com relação à dengue, João Marcelo Porcionato frisa que um ponto essencial é a hidratação. “Quando eu estou no quadro suspeita de dengue, eu preciso ingerir no mínimo 60ml por quilo de peso por dia. Essa é a quantidade mínima de água. Então se eu tenho um paciente de 70 kg, ele precisa tomar no mínimo 4,2 litros de água por dia. E isso é importante até para melhorar os sintomas, para ter uma prevenção de complicações. A água é um grande trunfo no tratamento da dengue, mas, claro, sempre acompanhado por um profissional capacitado.”
Ele lembra que para casos de dengue só se deve tomar dipirona ou paracetamol. “Não posso tomar anti-inflamatórios, não posso tomar aas, aspirina, porque esses medicamentos podem complicar o quadro da dengue. E acima de tudo, trazer um alerta para toda a população que é necessário fazer a prevenção. Todos têm o dever de olhar no seu quintal e evitar água parada. Só assim vamos juntos eliminar os criadouros e diminuir o número de casos de dengue.”
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