Mahatma Gandhi suspende contratação de empresa após protestos de médicos e dentistas
Empresa médica contratada diz que parceria com profissionais de saúde é por livre escolha
Foto: RAFAEL BELO - Médicos e dentistas afirmam que Hospital Mahatma Gandhi desvalorizou profissionais da cidade
Por Guilherme Gandini | 14 de julho, 2022
 

O Hospital Mahatma Gandhi decidiu recuar, nesta quarta-feira, 13, e suspender, ao menos temporariamente, o processo de contratação da nova empresa médica para prestação de serviços nas unidades de saúde e na UPA de Catanduva. O objetivo, garante a instituição, é a interlocução com os atuais médicos que atuam nesses postos de atendimento.  

“Muito embora a contratação de nova empresa médica tenha origem no próprio anseio da comunidade local por melhora no atendimento, mas a tensão social causada pelas ameaças, sem fundamento, dos atuais médicos de paralisação da saúde no município impõe a necessidade de abertura de diálogo com os mesmos e, também, com os setores representativos da sociedade civil, maiores interessados no deslinde da controvérsia”, expôs o Mahatma, em nota.  

A mudança de postura da organização de saúde ocorreu depois de protestos liderados pelos médicos e que, na terça-feira, 12, ganharam apoio dos dentistas que atuam na rede pública de saúde – também incluídos no mesmo pacote de mudanças que teria início no dia 1º de agosto. Todos os profissionais ameaçavam paralisar as atividades na data.  

O impasse começou depois que médicos e dentistas foram informados pelo Mahatma Gandhi que eles teriam novo tipo de contrato, tornando-se acionistas/cotistas da empresa Amue Atendimentos Médicos de Urgências e Emergências. A partir disso, eles divulgaram notas de repúdio e criaram abaixo-assinado virtual que soma 345 assinaturas até a quarta-feira, 13.  

Em carta conjunta divulgada nessa mesma data, médicos e dentistas manifestaram preocupação e descontentamento pela obrigatoriedade de assinar um contrato com uma empresa que não conhecem e que não é de Catanduva, sem terem a opção de não aceitar para continuar a atuar.   

“Estamos sendo obrigados a ser sócios de uma empresa desconhecida, onde nem foi exposto ainda o contrato para nós e numa forma inadequada de vínculo, correndo diversos riscos legais e financeiros, conforme orientaram nossos contadores e advogados”, reforçam.  

E prosseguem: “Muitos de nós trabalhamos para o Mahatma, para o SUS e para vocês há muitos anos, mas mesmo assim, não fomos convidados nem para pensarmos juntos sobre nossa própria contratação. É uma desvalorização gigantesca, que mostra de forma clara como somos descartáveis e pouco importantes, pois por motivos que desconhecemos, a contratação desta empresa parece ser mais importante que manter os profissionais conhecidos na cidade.”  

Eles afirmaram, ainda, que não paralisariam o serviço na virada do mês, mas que, ao não assinarem o novo contrato, o Hospital Mahatma Gandhi causaria a interrupção dos serviços.

“Não somos nós que criaremos uma paralisação da saúde. Na verdade, são eles que estavam paralisando a saúde e desvalorizando tanto os trabalhadores, quanto a população.” 

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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