Infectologista analisa cenário atual da Aids e alerta para a prevenção
Para o médico cooperado da Unimed Catanduva, Ricardo Santaella Rosa, a Aids é uma das doenças mais estudadas do mundo, e tem hoje um tratamento eficaz
Créditos: Unimed Catanduva - Ricardo Santaella Rosa faz alerta para que as pessoas se previnam contra a Aids, sobretudo com uso do preservativo
Por Stella Vicente | 01 de dezembro, 2022

A Aids, sigla em inglês para a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency Syndrome), é uma doença sexualmente transmissível já conhecida há quase 40 anos. Causada pelo vírus HIV, os casos começaram ainda no início da década de 1980 e desde então já atingiram mais de 80 milhões de pessoas. Ela tem alta mortalidade, visto que mais da metade das pessoas que tiveram Aids morreram. No entanto, essa mortalidade alta foi registrada nos primeiros vinte anos após a descoberta da enfermidade, quando ainda não havia o cuidado adequado.

Nos últimos anos, esse cenário mudou, visto que o tratamento segue em evolução. O infectologista e cooperado da Unimed Catanduva, Ricardo Santaella Rosa, afirma que hoje a Aids é praticamente controlada quando bem tratada. Ainda assim, não há cura. "É uma doença que caracteristicamente atinge o sistema de defesa da pessoa, que adquire o vírus ou por contato sexual ou com o sangue. Atingindo o sistema de defesa, a pessoa fica com a resistência baixa e pode desenvolver doenças graves. Se não for tratada adequadamente pode matar", diz.

O médico afirma que vem sendo observado aumento nos casos de Aids recentemente e que, hoje, a principal forma de transmissão é por relações sexuais desprotegidas, diferente da época inicial quando era comum que o contágio ocorresse por contato com sangue contaminado – a maioria dos casos está diretamente relacionada a esta problemática.

"Nesse ponto temos visto um certo aumento de número de casos, principalmente em jovens e em homens que fazem sexo com homens. Mas também é uma doença com relação sexual heterossexual, qualquer pessoa que tem uma relação sexual insegura, sem preservativo, com um paciente portador do vírus pode adquirir a doença", aponta Santaella.

O meio de proteção mais eficaz é justamente o uso do preservativo, tanto masculino quanto feminino, durante as relações sexuais, já que a transmissão é feita pela troca de secreção. Entretanto, ainda há soluções possíveis até mesmo em casos onde o uso do preservativo foi falho.

O infectologista menciona a profilaxia pós-exposição, medicação específica usada por um certo período, desde que administrada logo nos primeiros momentos após a relação. "Isso está disponível pelo serviço público, é só a pessoa procurar uma unidade de saúde e dar início ao tratamento, mas é necessário que seja feito rapidamente. É uma forma de prevenir que tenha bons resultados. Existe também a possibilidade de prevenção chamada profilaxia pré-exposição, também disponível em serviço público, mas usada geralmente em casos especiais como ter uma parceira ou parceiro com o vírus da Aids ou ter várias relações com pessoas diferentes", explica.

O exame para diagnóstico é o chamado teste do HIV, que está disponível no SUS, podendo ser feito por qualquer pessoa que teve relação sexual de risco. Já o tratamento é considerado bem avançado, tendo em vista que, segundo o especialista, é uma das infecções mais estudadas no planeta.

"Desde que ela começou, não se parou de estudar e pesquisar sobre Aids no mundo inteiro. Então sempre tem algumas tentativas de novidades. Temos uma melhora fundamental no tratamento. No começo a gente tratava com uma quantidade enorme de medicamentos que davam muitos efeitos colaterais. Hoje você tem um tratamento muito bem adequado, que, no geral, trata com dois comprimidos por dia", expõe o médico, que completa dizendo existir pesquisas avançadas para que o tratamento seja feito de forma injetável, de modo a diminuir a quantidade de doses.

Pensando no Dia Mundial de Combate à Aids, ele reforça a necessidade da prevenção e da conscientização da população acerca de um tema tão importante. "As doenças de modo geral, as epidemias e pandemias, dependem de uma série de situações. Depende de medidas governamentais, que o Estado propicie condição de a gente ter acesso à medicação, ao tratamento e à prevenção, mas também depende do indivíduo", aponta.

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Prefeitura não divulga números de HIV/Aids

A Secretaria Municipal de Saúde não divulgou números solicitados pelo jornal O Regional sobre os casos de HIV/Aids em Catanduva, conforme solicitado na terça e quarta-feira. Também não foi informado, até o fechamento desta edição, se será realizada atividade alusiva ao Dia Mundial de Combate à Aids e quais ações preventivas o programa IST/Aids desenvolve como rotina. Na região, as cidades investem na campanha Fique Sabendo, com oferta de testes de HIV e sífilis.

Autor

Stella Vicente
É repórter de O Regional.

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