Com 3 vereadoras, Câmara salta de 15% para 23% de presença feminina
Foto: Câmara de Catanduva - A atual legislatura tem Ivânia Soldati, Taise Braz e Laura Luiza Protetora.
Na história da cidade, apenas 9 mulheres ocuparam cadeiras no Legislativo; é a primeira vez que há três ao mesmo tempo
Por Da Reportagem Local | 19 de maio, 2025

Catanduva está acima da média da presença de mulheres nas câmaras municipais. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), os legislativos dos municípios possuem média de 16% das vagas ocupadas por mulheres. Em Catanduva, das 13 cadeiras, três são ocupadas por vereadoras. A atual legislatura tem Ivânia Soldati, Taise Braz e Laura Luiza Protetora.

É a primeira vez que a Câmara de Catanduva tem três mulheres entre os parlamentares. Da última legislatura para essa, houve aumento de 15% para 23% na presença de vereadoras. Além do aumento de mulheres, elas estão em cargos de destaque: duas delas estão na Mesa Diretora. Ivânia Soldati é a primeira-secretária e Laura Luiza é a segunda.

Na história política da cidade, apenas nove mulheres ocuparam vaga no Legislativo. Duas já faleceram e sete estão vivas, entre elas as atuais vereadoras da Legislatura 2025/2028.

A primeira vereadora da cidade, já falecida, foi Graciema Ramos da Silva, que dá nome a uma escola no município. Ela ocupou cadeira da Câmara em duas legislaturas: de 1948 a 1951 e de 1952 a 1955. Com a enchente ocorrida em Catanduva em 1982, muitos documentos da Câmara foram perdidos, entre eles dados da então vereadora Graciema Ramos da Silva.

A segunda vereadora do município foi Leda Ziviani (Leda Pavini Ziviani, também falecida). Os documentos da época também foram prejudicados com a enchente de 82. Em pesquisa com políticos da época, a informação é que Leda era suplente (na década de 1970), assumindo o cargo após a desistência de um vereador.

Atualmente com 77 anos, Maria Aparecida Bérgamo Palombo, a Maria Palombo, foi a terceira vereadora de Catanduva. Ex-policial, foi casada com Irineu Palombo, que também foi vereador. Maria Palombo assumiu a Câmara com 42 anos e foi vereadora de 1989 a 1992. Seu Irineu faleceu em 2018.

A Legislatura de 2001 a 2004 teve duas vereadoras: Mara Gabas e Osânia Parisi Malachias. Mara foi a vereadora mais nova a assumir o cargo. Ela tinha 24 anos quando ocupou uma das cadeiras da Câmara. Ela tem na família um ‘forte histórico político’, já que seu pai Gerson Gabas e seu avô Venâncio Lima Ferreira foram vereadores em Catanduva e ambos presidiram a Casa de Leis. Jornalista e radialista, Mara trabalha na rádio Ondas Verdes FM.

Com 93 anos de idade, a professora Osânia Malachias assumiu o cargo com 68. Atualmente ela reside com sua filha na cidade de Araraquara. Querida por seus ex-alunos de Catanduva, é lembrada até hoje como uma vereadora atuante, que buscava causas nobres e justas.

Na Legislatura de 2009 a 2012, a Câmara ‘perdeu’ uma mulher. No período, apenas uma vereadora foi eleita: Ana Paula Carnelossi. Atualmente Ana Paula trabalha como assessora parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Depois, de 2021 a 2024, duas foram eleitas: Ivânia Soldati e Taise Braz. Elas foram reeleitas e seguem na Legislatura 2025 a 2028, unindo-se a Laura Luiza Protetora, que se tornou a 9ª vereadora de Catanduva.

Como ter mais mulheres na Câmara?

Questionada sobre como aumentar a quantidade de mulheres nas câmaras, a ex-vereadora Maria Palombo disse que a mulher tem que conhecer sua cidade. “Saber dos problemas, dos detalhes, gostar do povo, gostar de ajudar. Essas são as principais ‘qualificações’. A mulher vê detalhes que os homens não enxergam”, disse ela.

Já Ana Paula Carnelossi disse que para aumentar o número de mulheres no Legislativo é necessário estimulado a militância feminina na política. “É necessário, também, garantir direitos em participação efetiva nas instâncias partidárias, respeitando e promovendo condições igualitárias nas disputas eleitorais. Seriam atitudes que, certamente, resultariam em crescimento das bancadas femininas nas esferas legislativas”, comentou a ex-vereadora.

Para a vereadora Taise Braz, as mulheres necessitam de mais apoio em suas candidaturas e campanhas eleitorais. “É necessário dar condições para que mulheres com jornadas diárias intensas possam concorrer em pé de igualdade. O caminho é inspirar outras mulheres a ocupar esse espaço e que se sintam representadas e impactadas positivamente com o trabalho.”

Por que ter mais mulheres na política é importante?

A doutora em Ciência Política pela Universidade de Essex, no Reino Unido, e pós-doutora pela Universidade de São Paulo (USP), Teresa Sacchetm, argumenta que a experiência de vida da mulher é única em muitos aspectos e pode enriquecer o processo de elaboração de propostas e de tomada de decisão política.

Em entrevista ao site do TSE, ela disse que “se o espaço legislativo é formado majoritariamente por homens de uma determinada classe social e raça, nós teremos políticas públicas que vão refletir mais esse grupo específico. Normalmente, os que ocupam a política são homens brancos, com mais recursos financeiros. É por isso que precisamos trazer para o ambiente político pessoas que ocupam diferentes espaços da sociedade.”

“As mulheres têm agendas, têm interesses, muitas vezes diferentes dos interesses masculinos. É importante que essas perspectivas sejam representadas na esfera pública, no processo decisório. Então, quanto mais o processo decisório for inclusivo nas formas de diferenças sociais, melhor. Teremos mais capacidade de ter uma melhor representação política”, completou.

VEREADORAS E EX-VEREADORAS DE CATANDUVA

1 - Graciema Ramos da Silva - 1948/1951 e 1952/1955

2 - Leda Pavini Ziviani – suplente, assumiu na década de 70

3 - Maria Aparecida Bérgamo Palombo - 1989-1992

4 - Mara Gabas – 2001/2004

5 - Osânia Parisi Malachias – 2001/2004

6 - Ana Paula Carnelossi - 2009/2012

7 - Ivânia Soldati – 2021/2024 e 2025/2028

8 - Taise Braz - 2021/2024 e 2025/2028

9 - Laura Luiza Assunção Borba – 2025/2028

 

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Da Reportagem Local
Redação de O Regional

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