O implante que devolve a audição a pacientes com surdez parcial, conhecido como Prótese Auditiva Ancorada ao Osso, chegou a Catanduva. O procedimento foi realizado, pela primeira vez no município, no sábado, 2, no Hospital Unimed São Domingos. O paciente tem 20 anos de idade e perdeu a audição do ouvido direito após um acidente há quatro meses.
O otorrinolaringologista Evandro Marton, responsável pela cirurgia, explica que é feito o implante de um dispositivo eletrônico que transmite o som pelo osso, por vibração, até a cóclea.
“A Prótese Auditiva Ancorada no Osso, ou osteoancorada, é um processador de áudio que transmite o som pelo osso, por vibração, até o órgão da audição, que é a cóclea. O processador pode ser “encaixado” ao crânio por meio de um pino ou de um ímã, que é colocado por meio de cirurgia. Esse dispositivo geralmente fica atrás da orelha”, explica.
De acordo com o médico, a cirurgia leva em torno de 30 minutos. “O procedimento é feito com sedação e não precisa de anestesia geral. A ativação da prótese deve ocorrer daqui a 20 dias.”
No Brasil, a cirurgia pode ser realizada pelos convênios médicos e também pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em regime ambulatorial, sem a necessidade de anestesia geral e internação prolongada. “Isso minimiza os riscos potenciais de um procedimento cirúrgico e permite ao paciente uma recuperação rápida, podendo usufruir dos benefícios da prótese auditiva ancorada já em duas semanas”, ressalta.
A AUDIÇÃO
Segundo Evandro, a condução por via aérea é a que predomina no nosso dia a dia e em pacientes com ouvidos normais e nos que usam aparelhos auditivos convencionais.
“O som entra pelo conduto auditivo (buraquinho do ouvido), faz a membrana timpânica vibrar, que por sua vez faz vibrar a cadeia ossicular (conjunto de minúsculos ossículos presentes no ouvido (ou orelha) médio, o que estimula a nossa cóclea, que é a parte auditiva na nossa orelha interna”, explica o médico.
“Já a condução por via óssea ocorre quando os mecanismos do conduto auditivo, como membrana timpânica e cadeia ossicular não participam do processo de estimulação da cóclea. O estímulo vai pelo osso do crânio, estimulando diretamente a cóclea”, complementa.
Segundo Evandro, como a perda auditiva afeta a saúde e a vida do paciente de muitas maneiras, é necessário buscar opções de reabilitação auditiva capazes de ajudar a recuperar a qualidade de vida.
“No caso desse paciente, que é universitário, a falta de audição de um lado faz com que ele não consiga identificar fontes sonoras em ambientes com outros ruídos, o que prejudica a qualidade de vida. Crianças também podem se beneficiar desse tipo de prótese para um melhor desenvolvimento do aprendizado escolar”, conta. “Quanto mais cedo for o diagnóstico e início do tratamento, mais fácil será a superação dos problemas associados à baixa audição.”
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