Este mês é marcado pela Campanha Junho Laranja, cujo objetivo é chamar atenção e discutir doenças que têm o sangue como protagonista, como a anemia e leucemia. A ação busca incentivar o diagnóstico correto e precoce para o tratamento.
O médico patologista e professor Raimundo Nonato Góis Junior destaca a importância do Junho Laranja para informar a sociedade sobre alterações hematológicas. “As anemias e leucemias são duas condições patológicas que ainda trazem muitas dúvidas por parte da população. Além disso, a campanha visa conscientizar a população sobre a necessidade da doação de sangue e medula óssea”, explica.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que para cada ano do triênio 2020-2022 serão diagnosticados mais de 10 mil casos novos de leucemia no Brasil, sendo 5.920 em homens e 4.890 em mulheres. A doença em homens ocupa a sétima posição na região Nordeste (5,02/100 mil).
“A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos, geralmente, de origem desconhecida. Tem como principal característica o acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais”, detalha o especialista.
Existem mais de 12 tipos de leucemia, sendo que os quatro primários são leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfocítica aguda (LLA) e leucemia linfocítica crônica (LLC). Segundo o médico, na maior parte das vezes, os pacientes que desenvolvem leucemia não apresentam nenhum fator de risco conhecido que possa ser modificado. Por isso, a maioria dos casos de leucemia não podem ser evitados.
“No entanto, o estilo de vida saudável e o acompanhamento médico periódico contribuem para evitar fatores de risco, como por exemplo o tabagismo, que se correlaciona com aumento do risco de leucemia mieloide aguda. A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar um tumor em fase inicial e possibilitar maior chance de tratamento”, sinaliza.
Após a confirmação diagnóstica, diversas modalidades terapêuticas podem ser empregadas de acordo com os aspectos clínicos do paciente (idade, presença de outras doenças, capacidade de tolerar a terapia) e do subtipo da leucemia. O transplante de medula óssea não está indicado em todos os casos, mas é ferramenta promissora para o tratamento e cura da leucemia.
“O tratamento visa destruir as células leucêmicas para que a medula óssea volte a produzir células normais. Nas leucemias agudas, o processo de tratamento envolve quimioterapia, controle das complicações infecciosas e hemorrágicas e prevenção ou combate da doença no Sistema Nervoso Central (cérebro e medula espinhal). Para alguns casos, é indicado o transplante de medula óssea, que consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária por células normais de medula óssea, com o objetivo de retomada de uma produção na medula de células saudáveis”, explica.
ATENÇÃO COM A ANEMIA
A anemia é provocada pela queda de hemoglobina no sangue, dificultando o transporte de oxigênio. Um dos principais causadores da baixa nos níveis de hemoglobina podem ser a falta de ferro ou a carência de nutrientes como zinco, vitamina B12. “Os principais sinais e sintomas são fadiga, falta de ar aos mínimos esforços ou em repouso, palpitações, sonolência e confusão mental, podendo ter como consequência a diminuição da produtividade no trabalho, diminuição da capacidade de aprendizado e retardamento do crescimento”, alerta Raimundo Nonato.
Para o tratamento é necessário realizar o correto diagnóstico e definir a causa que levou ao processo anêmico. “Essas indicações são muito específicas e necessitam de acompanhamento médico, envolvendo a reposição de sulfato ferroso, vitaminas e em alguns casos até mesmo a transfusão sanguínea.”
Para a prevenção, o Ministério da Saúde recomenda uma série de ações voltadas para o controle da anemia, como: acompanhamento médico de rotina pediátrico e adulto; o incentivo à amamentação exclusiva durante os primeiros seis meses de vida da criança; a promoção da alimentação complementar saudável e a suplementação profilática com ferro para crianças de seis a 24 meses de idade, gestantes e mulheres no pós-parto.
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