Yanomami e o garimpo ilegal

Uma das grandes preocupações do governo atualmente, além da extração ilegal do garimpo na maior reserva indígena do Brasil e que compreende a Terra Indígena Yanomami, refere-se a um quadro extremamente complicado, onde faz menção ao agravamento na saúde dos indígenas com casos graves de crianças e adultos extensivos à desnutrição, verminose e malária, em meio ao avanço ilegal do garimpo.

Há de se ressaltar o empenho, principalmente da Polícia Federal com 68 inquéritos em andamento para apurar a extração ilegal de minérios em território yanomami e que já ultrapassou os limites de uma atividade criminosa, onde há necessidade de uma ação mais eficiente por parte do governo e das forças armadas, até mesmo com o emprego do exército, para combate a esse expediente no espaço indígena.

O garimpo ilegal na terra indígena cresceu 3.350% entre 2.016 e 2.021, consequência direta equivalente ao crescimento da malária, da desnutrição infantil, além de outras situações, até mesmo da exploração sexual.

A semelhança sobre invasão de garimpeiros no território yanomami se iguala àquela de 1.992, quando o governo Fernando Collor de Mello conseguiu expulsar cerca de 40 mil pessoas que exerciam ilegalmente a atividade no local. Naquele ano a Terra Indígena Yanomami havia sido demarcada.

Com a evolução do garimpo ilegal, a Terra Indígena Yanomami atravessa um dos piores momentos da sua história, desde que foi demarcada e homologada há 30 anos, numa falta de respeito àquele povo com suas tradições e que merece os aplausos de toda a população brasileira.

Apresenta como presença do garimpo no referido espaço indígena, onde causam violações de direitos humanos das comunidades que ali vivem. Além do desmatamento e da destruição, a extração ilegal de minérios no território Yanomami, trouxe uma explosão nos casos de malária e outras doenças contagiosas com sérias consequências para a saúde e para a economia das famílias, além de atos assustadores da violência contra os indígenas.

O vice-presidente da Hutukawa Associação Yanomami (HAY), Dário Kapenawa, citou o caso da comunidade Homox, para explanar o avanço do garimpo ilegal sobre área que deveria ser protegida. A comunidade e o garimpo ficam muito próximos e, por isso, as nossas crianças estão tomando água contaminada por mercúrio, o que vem demonstrar a falta de cuidados especiais aos vulneráveis e sem recursos para defesa dessa situação.

É certo que o Brasil registrou aumento de 171% na evolução do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami de 2.018 a 2.021. Os dados estatísticos estão no relatório aprovado recentemente pela Comissão Externa da Câmara dos Deputados para acompanhar a situação dos yanomamis em terras localizadas em Roraima (RR).

Nesse sentido, foi apresentada Proposta de Emenda à Constituição (PEC), deixando claro que somente os indígenas poderão exercer a atividade do garimpo em suas terras, sendo vedada a comercialização de recursos minerais.

Enfim, um decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, autoriza a aeronáutica a controlar o espaço aéreo sobre a terra indígena yanomami, em Roraima, visando combater o garimpo ilegal, enquanto durar a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional. É o que se espera e que dê resultado positivo.

Autor

Alessio Canonice
Ibiraense nascido em 30 de abril de 1940, iniciou a carreira como bancário da extinta Cooperativa de Crédito Popular de Catanduva, que tinha sede na rua Alagoas, entre ruas Brasil e Pará. Em 1968, com a incorporação da cooperativa pelo Banco Itaú, tornou-se funcionário da instituição até se aposentar em 1988, na cidade de Rio Claro-SP, onde reside até hoje.