Vulnerabilidade financeira e a sobrecarga dos serviços públicos

O endividamento dos catanduvenses, assim como de outras cidades brasileiras, além de uma realidade nua e crua, é reflexo de diversos fatores. A inflação e os juros altos, por exemplo, podem tornar o acesso ao crédito mais difícil e caro, o que acaba prejudicando quem precisa recorrer a empréstimos para cobrir despesas.

Um estudo divulgado recentemente pela Serasa Experian e divulgado no jornal O Regional apontou que foram registrados 43.987 casos de pessoas com dívidas em atraso em nossa cidade. Esses dados revelam um cenário preocupante, já que isso significa que quase 35% da população está endividada. A pesquisa também mostrou que a média de dívida catanduvense é de R$ 3.176.

Entre os tipos de dívida mais comuns, estão as contas de água, luz e telefone, seguidas pelos cartões de crédito e empréstimos bancários. Vale ressaltar que a pandemia da Covid-19 contribuiu para o aumento do endividamento, devido ao impacto econômico que afetou diversos setores.

Nesse contexto, é importante destacar a importância da educação financeira. É fundamental que as pessoas aprendam a gerenciar suas finanças de forma consciente, evitando gastos excessivos e priorizando o pagamento das dívidas em atraso. Volta e meia entra em discussão a implantação do tema na grade curricular de ensino, que tem por objetivo preparar os jovens para lidar com o dinheiro de forma consciente e responsável.

Além disso, é importante que os governos e as instituições financeiras ofereçam alternativas para ajudar as pessoas a saírem do endividamento. Programas de renegociação de dívidas e políticas de crédito consciente podem ser boas opções para auxiliar os endividados a regularizar sua situação financeira.

Quando menciono governos e aí faço um apontamento que é muito claro para quem está na gestão pública que é a que o endividamento excessivo pode levar as pessoas a uma situação de vulnerabilidade financeira, tornando-as mais dependentes de serviços públicos, como assistência social e saúde, por exemplo.

Não é de hoje que ouvimos relatos, reclamações e notícias que o serviço público prestado em algumas áreas, como por exemplo transporte público, tem enfrentado diversas críticas por parte da população. Com a sobrecarga nos serviços públicos, a tendência é que a precarização aumente, prejudicando a qualidade do serviço prestado.

Por fim, é preciso lembrar que o endividamento não é uma situação permanente. Com planejamento e organização, é possível sair das dívidas e manter uma vida financeira saudável. O primeiro passo é buscar ajuda e informações sobre como gerenciar melhor suas finanças e sair do vermelho.

Autor

Julinho Ramos
Ex-vereador de Catanduva e especialista em Gestão e Controle de Processos na Administração Pública