Merece mais espaço regional, reconhecimento e até trabalhos semelhantes o projeto Flor de Lis, encabeçado pela juíza Patrícia da Conceição Santos, da comarca de Tabapuã. Trata-se de um grupo de apoio às vítimas de violência doméstica, com atuação de mulheres advogadas, que proporciona acolhimento diferenciado para as mulheres que chegam para fazer denúncia na delegacia. Também há um grupo para homens que geralmente carregam histórico estrutural familiar e precisam quebrar esse paradigma. O programa é desenvolvido em Tabapuã, Novais e Catiguá, que integram a comarca, e coleciona resultados positivos. Nas palavras da própria magistrada, em palestra feita recentemente para estudantes do curso de Direito da Unifipa, em Catanduva: “É importante que a sociedade como um todo se envolva na luta contra a violência doméstica, através de ações, como campanhas de conscientização, apoio às vítimas e denúncias às autoridades competentes. É fundamental que a violência doméstica seja encarada como um problema social grave, que exige a mobilização de todos os setores da sociedade para ser combatido.” Outra menção feita por ela, visando ao futuro, é ainda mais simbólica: “Esperamos que, ao passar do tempo, a Lei Maria da Penha seja esquecida, pois queremos trabalhar as crianças de hoje para serem futuros homens de honra amanhã.” Infelizmente estamos muito longe desse sonho, mas a dedicação de pessoas como ela e outras voluntárias pode fazer a vida de outras mulheres um pouco melhor e mais segura. O Brasil precisa combater todo tipo de violência, em especial a doméstica e familiar, colocando leis rígidas e agindo de forma dura contra os agressores, mas sobretudo atuando na área preventiva, conscientizando jovens, capacitando profissionais de diversas áreas que lidam com esse tipo de público – vítimas e agressoras. É preciso buscar formas para quebrar o ciclo da violência, em que a pessoa violentada tende a ser igualmente violenta, perpetuando o sofrimento em si e nos outros.