Viaduto Miguel Pachá

Já dizia Platão que “a necessidade é a mãe da invenção”. Comprovamos isso diariamente em nosso cotidiano nos diversos objetos, máquinas e equipamentos que desempenham as mais variadas funções.

Com a grande urbanização do século XX, nossas cidades foram sendo tomadas por obras que atendiam às novas necessidades que iam surgindo no decorrer dos anos.

Um exemplo disso são os viadutos, que com o crescente fluxo rodoviário, veio facilitar o acesso a determinados locais antes impossíveis de circular.

Basicamente classificados como uma ponte, seu principal objetivo é manter a continuidade da via de comunicação quando esta se depara ou tem que transpor algum obstáculo natural ou passar sobre cruzamentos que não podem ser obstruídos.

Catanduva

Sempre foi grande o desejo de se construir uma ponte ou um viaduto que interligasse o Higienópolis ao centro da cidade, já que em tempos passados o único meio de se poder entrar e sair no bairro Higienópolis era através da Rua São Paulo, seguindo até a avenida São Domingos, ou pela estreita ponte de madeira que se localizava na rua Sete de Setembro, entre as ruas São Paulo e Rio de Janeiro.

A possibilidade da construção do viaduto foi ganhando corpo por volta de 1962. Naquela época, exercia o cargo de presidente da República o Sr. João Belchior Marques Goulart, mais conhecido como Jango, que era do mesmo partido da coligação do então prefeito de Catanduva da época, Antonio Stocco (PTB), além de possuírem grande amizade.

Neste mesmo ano, em 30 de setembro, Jango esteve aqui na cidade fazendo uma visita oficial, e dentre vários eventos locais, lançou a pedra fundamental de tão aguardado viaduto.

Como forma de homenagem, o viaduto receberia o nome de Viaduto João Goulart, mas foi pedido pelo presidente que este recebesse o nome de Getúlio Vargas, em homenagem a esse homem que era seu amigo e tutor político.

Não sai do papel

O viaduto iria possuir 278 metros de comprimento e 11,40 de largura, previsto um gasto de 80 milhões de cruzeiros.

De início, o Senado aprovou o envio de uma verba de 35 milhões para o começo da obra, com tempo estimado de término de dois anos e início para janeiro de 1963.

Porém, através de novo cálculo, percebeu-se um erro no valor do viaduto e que este sairia com um custo de 220 milhões de cruzeiros, e não apenas 80 milhões como tinha sido calculado inicialmente.

Diante disso, o governo alegou que não tinha condição de bancar o viaduto, podendo apenas cobrir 50% da obra, ficando o restante a cargo da prefeitura municipal de Catanduva.

Porém, o prefeito Antonio Stocco anunciou que a prefeitura não tinha condições de custear a obra, o que a fez ficar no papel por mais um tempo.

Os anos de 1970

A ideia da construção do viaduto veio à tona novamente no ano de 1973. Nesta época, o Dr. Warley Agudo Romão (que era pré-candidato a prefeito) e a Associação do Comércio e Indústria serviram de intermediários entre a Secretaria do Estado de São Paulo junto ao prefeito Pedro Nechar.

O então governador da época, Laudo Natel, prometeu que se houvesse um convênio entre a prefeitura de Catanduva com o Estado não haveria problema com a construção do viaduto.

Em 1974 a empresa Souza Barker ganhou a concorrência para a construção e ficou determinado pelo governador Paulo Egydio Martins que o nome do viaduto seria Humberto de Alencar Castelo Branco, primeiro presidente da ditadura militar que se encontrava nosso país.

Com a parceria entre Estado e Prefeitura, a obra correu e foi inaugurada em 29 de janeiro de 1977, às 18h de um sábado, contando com a presença do prefeito Pedro Nechar, de Warley Agudo Romão e de várias personalidades da época.

O viaduto custou cerca de 27 milhões de cruzeiros, onde a prefeitura gastou 984 mil cruzeiros com a obra.

Contando com mais de 495 metros de extensão, foi considerado um dos mais sofisticados viadutos da época.

Mudança de nome

Em 28 de novembro de 2000, saiu publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo a lei Nº 10.683, promulgada pelo deputado Vanderlei Macris, presidente da Assembleia Legislativa, mudando o nome do Viaduto Castelo Branco para Miguel Pachá, como forma de homenagem a um dos primeiros moradores de nossa cidade e que se estabeleceu no bairro Higienópolis. Construiu várias casas em nosso município, bem como colaborou na construção do Santuário Nossa Senhora Aparecida.

O projeto foi de autoria do deputado Wadith Helu, que era grande amigo de Libano Pachá, muito conhecido em nossa cidade. De início, a proposta foi vetada pelo governador do Estado, Geraldo Alckmin, sendo que o veto foi derrubado pelo plenário da Assembleia com todos os votos a favor, o que permitiu a mudança do nome.

O viaduto foi renomeado em 21 de abril de 2001.

Mesmo com a mudança de nome, muitas pessoas ainda chamam o viaduto pelo seu antigo nome, o que causa confusão em muitos casos.

Fonte de Pesquisa:

- Centro Cultural e Histórico Padre Albino

Fotos:

Foto da inauguração do viaduto Humberto de Alencar Castelo Branco, no dia 29 de abril de 1977, contando com a presença do prefeito Pedro Nechar, de Warley Agudo Romão e de várias personalidades da época

A mudança de nome para viaduto Miguel Pachá teve a influência do Sr. Libano Pachá (foto), vereador em Catanduva durante muitos anos e amigo do deputado Wadith Helu, autor do projeto

Foto tirada em 1962 quando se deu a visita do presidente da República João Goulart, no jipe, juntamente com o prefeito da época, Antonio Stocco. Ao lado do jipe, de moto, encontra-se Irany Destro de Oliveira e ao seu lado o Sr. Abel Murr

As pontes e viadutos são necessários para nossa vida urbana moderna. Como exemplo disso, podemos citar a ponte da rua Pará nos anos de 1940, necessária para poder cruzar o ribeirão São Domingos

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.