Veja só que tolice

Não sei se está mais para uma parábola ou uma piada. A historinha, atribuída à sabedoria oriental, conta que o discípulo chegou ao mestre e perguntou: “qual a receita da felicidade? O mestre respondeu: não discutir com idiotas. O discípulo retrucou: não concordo que seja este o segredo. O mestre então encerrou: você tem razão...”.

Longe de me comparar ao mestre, estou vivendo isso atualmente na minha vida. Desenvolvi alergia a discussões. Não quero rolo. Fujo de polêmicas. Gasta-se muita energia em assuntos insignificantes. Estes, em 99% dos casos, não tem solução e nas raríssimas vezes que tem, não trará impacto positivo algum na sua vida.

No cinema, mais especificamente no gênero do terror, existem os filmes de vampiros. Dentre eles, destacam-se os dedicados ao personagem Drácula, o rei dos vampiros. Foi interpretado por muitos e bons atores ao longo do tempo. Já fizeram o personagem os atores Bela Lugosi, Gary Oldman, Klaus Kinski e Christopher Lee. Lembrei-me deles por conta de uma mudança de opinião por que passei há tempos. Descobri que vampiros existem! Mas não iguais aos do cinema. Estes, da ficção, sugam sangue do pescoço das vítimas. Os de verdade sugam energia de todos à sua volta. Impõem uma agenda negativa àqueles com quem convivem. Socializam seus problemas. Mas saem correndo quando os outros começam a contar os seus próprios problemas. Querem chamar a atenção. E nunca será o suficiente. Se necessário, brigam por qualquer coisa. Sua vida é uma sucessão de conflitos. Ninguém merece. Desses eu fujo. Uma coisa é você sinceramente querer ajudar as pessoas. Outra é você ter sua energia sugada por uma alma destrutiva e insaciável.

Tem uma categoria pior ainda. Você posta algo no Facebook e aparece um desconhecido invadindo o seu espaço. Não penso duas vezes. Deleto na hora. Debate em redes sociais costuma virar tiroteio de baixo nível. E eu que já não discuto com os conhecidos, muito menos discutirei com quem nunca vi na frente. Estendo esta prática para o Whatsapp. Aliás, é um perigo este meio. O que tem de notícias falsas é uma coisa absurda. E pior, existem pesquisas apontando que mais de 60% das pessoas se informam exclusivamente pelo Whatsapp. Chega lá um filminho de um a três minutos falando o maior absurdo e o sujeito já encaminha para outros grupos, sem conferir se a informação procede. Eu desisti de chamar a atenção de conhecidos que fazem isso. Primeiro porque fica um clima chato. E segundo, percebi que essas pessoas querem acreditar na barbaridade. Não querem saber de fatos concretos. E começam a discutir se contrariados. Ai sujou!

Não vou consertar o mundo. Ajudo no que posso, principalmente à minha volta. No velho embate entre ter razão ou ser feliz, escolhi a segunda opção. Dá uma preguiça danada discutir!

Autor

Toufic Anbar Neto
Médico, cirurgião geral, diretor da Faceres. Membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura