Valeu, 2023! Venha, 2024!

Se, por um lado, 2023 teve um início de esperança para o Brasil, por outro, foi criminosamente afrontado no seu limiar, mais precisamente no dia 08 de janeiro quando do ataque golpista em Brasília, ferindo a democracia e as melhores expectativas de uma jornada promissora, de sonhos e realizações. Fomos vilipendiados num momento tão delicado, após anos de insensibilidade, violência e fascismo. Acreditávamos, inocentemente, que tudo havia acabado. E os primeiros meses de 2023 foram bizarros, surreais, inacreditáveis com o comportamento dos fanáticos nas portas dos quartéis. Passou. Em parte. Ainda há os que teimam, insistem em atacar as instituições e a democracia com discursos desprovidos de profundidade, razão e lógica. Apoiados apenas numa minoria que alimenta esse fanatismo, essa ideologia extremista e apelo religioso, seguem com o intuito de lacrar nas redes sociais, conseguir mais seguidores, likes e apoiadores a uma causa que já morreu, mas insistem em tentar ressuscitá-la.

Felizmente para a cultura, 2023 começou dinâmico, com o retorno do Ministério da Cultura, novos editais de fomento e incentivo aos artistas, a reabertura de espaços, oportunidades e o mais importante: a recuperação da dignidade profissional e humana que, de 2019 a 2022, foi jogada na lama. Finalmente, agora, nós artistas podemos retomar nosso trabalho sem perseguições e ataques diários desses infelizes que não frequentam museus, teatros, exposições ou consomem arte e cultura.

Foi um ano de luta, porém aos poucos a vida cultural começou a voltar ao seu normal e as oportunidades de trabalho surgiram, ressurgiram e podemos fechar o ano com um sorriso no rosto.

Ainda há muito o que se fazer, no entanto 2023 fez renascer, nessa esperança de um Brasil melhor, o espírito de criação e produção que havíamos perdido nos últimos anos.

Trabalhamos muito em 2023 e queremos mais trabalho em 2024. O resto, é consequência.

Se 2023 valeu? Claro que valeu! Foi fácil? Nem um pouco. Contudo, correr atrás de oportunidades existentes é melhor do que olhar para frente e não vislumbrar nada.

2023 foi retomada. Recomeço. Ressignificação. Retorno.

Valeu, sim!

Venha, 2024!

Com a Lei Paulo Gustavo, a Aldir Blanc 2, outros editais de incentivo a nível municipal, estadual e federal, podemos sonhar e esperançar.

E que os artistas criem e produzam com qualidade para que o público se deleite, sinta, viva e consuma cultura. Sempre!

Em tempo. Estamos comemorando, Drika e Carlinhos, respectivamente, nossos 35 e 40 anos de teatro, enquanto a Cia da Casa Amarela entra para seu 29º. ano de produções, apresentações, viagens e experiências no campo da dramaturgia e estética infanto-juvenil, para bebês e para todo o público.

Viver exclusivamente de teatro é para poucos. Só temos gratidão aos que, nesses anos todos, nos incentivaram e acreditaram em nosso talento.

Aos que, desde a eleição de 2022, passaram a nos boicotar – como fizeram com vários artistas, empresários e comerciantes, nosso muito obrigado também. Não sabem como isso nos encheu de gana, garra e coragem para prosseguirmos

Autor

Drika Vieira e Carlinhos Rodrigues
Atores profissionais, dramaturgos, diretores, produtores de teatro e audiovisual, criadores da Cia da Casa Amarela e articulistas de O Regional.