Vai de busão? Cidades pagam a conta da mobilidade

O aumento do subsídio às empresas de ônibus urbanos nas cidades brasileiras após a pandemia de Covid-19 tem se destacado como uma resposta à queda na demanda por transporte público e à necessidade de manter esse serviço essencial funcionando. Conforme estudo recente divulgado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o número de sistemas de ônibus urbanos subsidiados subiu de 25 para 63 até julho de 2023, abrangendo agora um total de 163 cidades atendidas.

Antes da crise sanitária, o transporte público enfrentava desafios, mas a pandemia agravou consideravelmente a situação. A redução drástica no número de passageiros nos ônibus urbanos levou as cidades a buscarem soluções para manter a viabilidade financeira das empresas de transporte público, uma vez que as tarifas cobradas dos passageiros não eram mais suficientes para cobrir os custos operacionais.

O estudo da CNT aponta que entre fevereiro de 2020 e maio de 2022, foram implementadas 153 ações de concessão de recursos públicos para apoiar as empresas de ônibus e garantir a continuidade dos serviços. Isso reflete um esforço por parte das autoridades municipais e governamentais em todo o país para enfrentar as adversidades enfrentadas pelo setor.

As mudanças no comportamento dos passageiros também contribuíram para a necessidade de subsídios. A adoção do trabalho remoto e modelos híbridos, como o home office, resultou em uma diminuição permanente na demanda por viagens de transporte público. Isso, por sua vez, impactou negativamente a receita das empresas de ônibus, tornando o auxílio financeiro do governo ainda mais crucial.

A análise da CNT também destaca a distribuição regional dos subsídios, com a região Centro-Oeste liderando com 66,7% das empresas de ônibus recebendo verbas governamentais. Por outro lado, as regiões Sudeste e Sul têm os menores percentuais, indicando variações nas políticas de subsídios em diferentes partes do país.

A pesquisa ressalta os desafios enfrentados pelo setor de transporte público urbano, incluindo problemas como a violência, a dificuldade em reajustar as tarifas e a concorrência de empresas irregulares. O relatório menciona que 59,2% das empresas entrevistadas foram vítimas de assaltos no último ano, destacando a necessidade de investimentos em segurança.

Ainda que os subsídios tenham sido uma resposta necessária para enfrentar os desafios pós-pandemia, o estudo também enfatiza a importância de políticas abrangentes que priorizem o sistema de transporte público coletivo no Brasil. O transporte público não apenas movimenta milhões de passageiros diariamente, mas também gera empregos e desempenha um papel vital no desenvolvimento do país.

Em Catanduva, não é diferente! Quando presidi a Comissão Especial de Inquérito do Transporte Público, conseguimos identificar o que reflete o estudo, a falta da institucionalização de políticas públicas e um plano diretor de mobilidade ou de transporte público. Decisões são tomadas dentro de salas, sem ouvir a ponta, que está embaixo de chuva e sol, sem abrigo, esperando a próxima condução. Infelizmente, acabam olhando apenas planilhas, cortando linhas, reduzindo custos e o usuário cada vez mais prejudicado.

Autor

Julinho Ramos
Ex-vereador de Catanduva e especialista em Gestão e Controle de Processos na Administração Pública