Unidos e de caras limpas
Houve um tempo que as pessoas não saíam às ruas para se manifestar diante de determinadas injustiças por medo de retaliação. No funcionalismo público, isso sempre foi mais evidente, com temor generalizado por represálias e aquela velha situação de o prefeito “colocar à disposição” ou encaminhar para prestar serviços lá naquele setor que ninguém quer estar. Pura bobagem.
Os prefeitos passam e os servidores ficam. E, na maioria das vezes, carregando o piano. Por isso, é um contrassenso se esconder: é preciso expor as mazelas e lutar pelos direitos, unir toda a classe, mostrar que as coisas não estão caminhando bem e, se alguma perseguição acontecer, denunciá-la também. Afinal, quando aquele tal prefeito sair ou foi punido por tal ato, as coisas voltarão aos seus eixos e a justiça terá sido feita.
No caso dos educadores, que realizaram ato público e passeata pela rua Brasil na manhã deste sábado, é evidente que a simples retirada da gratificação salarial é injusta com a categoria. Aliás, caro leitor, veja só que ironia. É muito provável que a categoria tenha comemorado a aprovação da lei do piso pelo Congresso Nacional, por entender justamente que o salário base aumentaria e, com a gratificação já existente, os valores seriam ainda melhores.
E, pouco depois, tenha recebido um banho de água fria ao perceber que a Prefeitura teve a brilhante ideia de aproveitar a brecha para fingir que cumpre o piso sem gastar tanto para isso, digamos que “incorporando” a gratificação na conta. O manifesto dos professores, ontem, mostra que é preciso lutar com todas as forças para defender direitos, por valorização real e naquilo que acreditamos. O reconhecimento há de vir.
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