Unicórnio ou dinossauro?
Inovação. Essa é a palavra de ordem para absolutamente todas as empresas. Neste contexto, as startups ganham destaque, por estabelecerem uma conexão entre tecnologia e inovação. Enquanto as empresas tradicionais são intituladas como “dinossauros” – pela lentidão, burocracia e dificuldade de inovar – as startups surgem com a enorme capacidade de criar soluções em tempo recorde.
Fato é: existe a nítida impressão de que as grandes corporações ainda não conseguiram se adaptar a “era das startups”. O que não faz muito sentido, ao se levar em conta a enorme estrutura, quantidade de recursos e capital humano destas empresas. Por que seus executivos esperariam sentados enquanto as startups inovam constantemente e ganham mercado?
Ao estudar esta relação, comecei a entender que existe uma razão para que as empresas estejam cômodas e seguras na posição de “dinossauros”. Elas se apropriam do know-how das startups para absorver os riscos nos processos de inovação. Para elucidar, destaco a frase do responsável pela área de inovação da multinacional Accenture José Luis Sancho**: “quatro em cada cinco startups falham e grandes corporações não podem permitir que tantos projetos deem errado porque iríamos à falência.”
Entretanto, esta é uma tendência no mundo corporativo. As maiores empresas, mesmo que “dinossauros”, utilizam estratégias para fomentar o relacionamento com startups. Os programas criados, que variam entre desafios, hackathon e investimentos, são uma forma das empresas inovarem gastando menos e com menor risco. As startups entram com possibilidades menores de sucesso, uma vez que são apenas uma unidade em uma grande miríade de opções disponíveis.
A condição de “dinossauro” não pode ser visualizada a partir de seu caráter negativo, pois esta posição é utilizada em benefício próprio. Já as startups, por sua vez, desenvolvem soluções para toda cadeia produtiva em uma lógica que os riscos e benefícios são assimetricamente colocados. Ou seja, um Jurassic Park e uma manada inteira de ‘Unicórnios’ à disposição.
João Fernando de Lima Parra
Mestre em Marketing e Ciências Sociais, doutorando em Sociologia pela Universidade Estadual de Londrina
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