União Cívica Estudantil de Catanduva (I)

A União Cívica Estudantil de Catanduva era formada por um grupo de estudantes que frequentavam os estabelecimentos de ensino Barão do Rio Branco, Nicola Mastrocola, o Colégio Catanduva e o Colegião, além de alguns universitários que estudavam em Rio Preto e Campinas. As reuniões aconteciam todos os domingos após a missa das nove da Matriz de São Domingos, na sede da Congregação Mariana, nos fundos da antiga Casa Paroquial, na Rua Pará.

As reuniões, sempre animadas, compunham-se de duas partes: uma recreativa, com jogos de dama e pingue pongue e outra cultural, com orientação religiosa e moral a cargo do Sr. Milton Silva e com apresentação e discussão de problemas relativos à vida estudantil.

Muita coisa foi proposta e discutida ali e dali vários jovens chegaram a participar de programas na Rádio Difusora e escrevendo artigos no jornal A Cidade, participando de competições de pingue pongue e jogos de futebol de campo, além de vários piqueniques e festinhas de confraternização.

Criação de Museu

Chegou-se até a se esboçar uma Semana Cultural, com palestras e um Curso de Museologia, com a participação do Sr. Vinícius Stein de Campos, o criador da rede de Museus Histórico-Pedagógicos espalhados por todo o Estado. O grupo tinha conseguido, através de contatos em Campinas e São Paulo, que o curso fosse praticamente marcado, porém, devido à falta de colaboração da maioria estudantil, não acabou tendo sucesso.

De acordo com o professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli em seu Boletim Só 10, este relata que: “(...) entre 1963 e 1964 cheguei a frequentar dois cursos de Extensão Universitária sobre Museologia, quase todos em São Paulo. Um dos palestrantes era o professor Vinícius Stein de Campos, que fora, por volta de 1956, o criador de uma rede de museus pelo interior paulista, os Museus Históricos-Pedagógicos, que tinha como base três objetivos: o estudo sistemático e objetivo de uma figura da região que tenha sido projetado em algum setor; a reconstrução da história do município; e a interligação futura de todos os museus para a reconstrução da história paulista e brasileira. Cheguei até a conversar com alguns daqueles entendidos, em espacial com o professor Vinícius, dizendo-lhe da situação de nossa cidade, sem museu. Deu-nos uma série de informações e de procedimentos a serem seguidos, dentre eles, para que a população se inteirasse da importância do assunto, que se realizasse um Curso de Museologia, que se prontificava a vir dar as palestras”. Porém, infelizmente, isso não se concretizou. A ideia, entretanto, ficou na mente de cada um daqueles que participaram das reuniões preparatórias.

Notícias na Mídia

Muitas notícias circulavam nas mídias impressas em Catanduva a respeito da União, quer no que diz respeito aos seus campeonatos esportivos, quer a respeito de uma variada gama de ações.

Uma dessas publicações pode ser vista em maio de 1965, quando a revista Feiticeira lembrou mais uma participação ativa da UCEC na comunidade. “Carinhosamente Catanduva homenageou a mãe. (...) Este ano, como nos anteriores, várias foram as solenidades realizadas em comemoração às mães. O Prefeito Municipal, Sr. José Antonio Borelli, deu um cunho oficial às comemorações, liderando com a estreita colaboração da União Cívica Estudantil e do Comércio e Indústria, as festividades em homenagem à Rainha do Lar. No sábado, dia 08, no salão do Clube dos Bancários, com a presença de grande público, o Sr. Prefeito Municipal procedeu a entrega de prêmios às mães inscritas e previamente escolhidas por uma comissão, em reunião realizada na Prefeitura Municipal (...) Terminada a solenidade oficial a União Cívica Estudantil assumiu o comando das festividades, fazendo realizar uma magnífico show, do qual participou um grupo de amadores e jovens estudantes (...)”.

Movimento Pró-Faculdade

Uma das melhores iniciativas daquele grupo foi o movimento pela criação de uma Faculdade em nossa cidade.

De acordo com o jornal A Cidade, de 15 de julho de 1965, “(...) o movimento que vem congregando um número cada vez maior de estudantes da Comissão encarregada de estudar as possibilidades da instalação da faculdade entraram em contato com elementos ligados a entidades de classe e presidentes de grêmios dessas localidades, o que imprime novo alento à campanha. Assim é que representantes da Comissão já visitaram as cidades de Urupês, Santa Adélia, Novo Horizonte, Tabapuã, Catiguá, Olímpia e Itajobi, tendo sido em todas muito bem recebidos.”

Segundo fontes ligadas ao movimento, tão logo se reiniciassem as aulas, a comissão manteria contato com representantes políticos de nossa cidade mais diretamente ligados ao Governo do Estado de São Paulo e à Secretaria da Educação para um mais profundo exame da questão.

A comissão encarregada de estudar as possibilidades da instalação de uma faculdade em Catanduva estava constituída pelos seguintes elementos: presidente – José Jorge Casseb; vice-presidente – Antonio Catanzaro Sobrinho; secretário – Afonso Celso Alexandrino; vice-secretário: Maria Ângela Cacciari; tesoureiro – Álvaro Rogeri; vice-tesoureiro: Omar da Rocha Júnior; departamento de publicidade: Flávio Steinbruch, Wilton José, Maria Eugênia de Domenico, José Alfredo Jorge e Aldo Bochini Neto.

Fontes de Pesquisa:

- Boletim Só 10, Ano IV, Nº 47, de novembro de 2009, elaborado pelo professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli.

- Jornal A Cidade, de 15 de julho de 1965.

- Revista Feiticeira, de maio de 1965.

Fotos:

Posse do prefeito municipal José Antonio Borelli e do vice Orlando Zancaner, que estiveram bem envolvidos no processo da criação e instalação de uma faculdade em Catanduva. Na foto estão, da esquerda para a direita: Orlando Zancaner, José Antonio Borelli, Carlos Machado e o deputado estadual Antonio Mastrocola

Campeonato de pingue-pongue realizado pela UCEC no Clube dos Bancários/Sociedade Italiana, no ano de 1962

A foto foi captada em um dos jogos de pingue-pongue da UCEC e foi tirada no Clube dos Bancários, hoje Sociedade Italiana, no início da Rua Alagoas. Estão de pé e da esquerda para a direita: Neyde Tognela, Daltevir Toledo Santana, Nyelsen Tognela, a identificar, Lidia Munhoz. Agachados: Manoel Gaspar, Pedro Giácomo Boso, Antônio Carlos Simões (Toninho) e Nelson Bassanetti

A UCEC estava tentando conseguir um curso sobre Museologia em Catanduva ministrado por Vinícius Stein de Campos, que fora, por volta de 1956, o criador de uma rede de museus pelo interior paulista, os Museus Históricos e Pedagógicos. Nesta imagem, foto do Museu Histórico e Pedagógico Voluntários da Pátria, na cidade de Araraquara

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.