Uma jornada de cooperação e aprendizado

Após algumas semanas longe da minha coluna semanal aqui no O Regional, estou de volta. Mas gostaria, neste artigo, de falar sobre o motivo da minha ausência. Tive a oportunidade de ser selecionado e ter participado do International Programme for Infrastructure Leaders, que é o Infraleaders, um marco significativo no cenário brasileiro de infraestrutura que reuniu líderes públicos e privados dedicados ao desenvolvimento de programas e projetos de infraestrutura pública no Brasil, em Londres. A parceria entre a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e a Infrastructure and Projects Authority (IPA) do Reino Unido resultou em um programa que proporcionou profunda troca de conhecimentos e experiências, abrindo caminho para uma abordagem mais sólida e eficaz para a infraestrutura no Brasil.

Foi uma oportunidade única de mergulhar na rica história da infraestrutura no Reino Unido, que abrange mais de duas décadas de desenvolvimento, destacando-se na transformação de seu sistema de infraestrutura, adotando uma abordagem flexível, que engloba todo o ciclo de vida de projetos e estabelecendo padrões operacionais claros. Essa experiência britânica forneceu valiosas recomendações e insights que podem ser adaptados para o contexto brasileiro.

Um dos destaques foi a capacidade do Governo Britânico de atrair investimento privado para projetos de infraestrutura. Nos últimos anos, eles concretizaram mais de 730 projetos com financiamento privado, totalizando bilhões de libras esterlinas. Isso é um testemunho da profunda compreensão do país sobre como envolver o setor privado de maneira eficaz.

O sucesso britânico também é impulsionado pelo fato de o país abrigar um dos mercados de infraestrutura mais experientes do mundo. Empresas líderes em engenharia e construção, gerenciamento de instalações, operações, consultoria técnica, jurídica e financeira estão ativas no mercado britânico. Elas aplicam suas experiências globais para desenvolver infraestrutura em todo o mundo, tornando-os líderes das Parcerias Público-Privadas (PPPs) internacionais.

Uma das contribuições mais valiosas foi a apresentação do Modelo de 5 Dimensões (M5D). Essa metodologia proporciona um guia para preparar, avaliar, aprovar e auditar projetos de infraestrutura. As cinco dimensões (estratégica, econômica, comercial, financeira e gerencial) são produzidas em conjunto, garantindo que todos os projetos sejam socialmente necessários, viáveis do ponto de vista do custo-benefício, comercialmente viáveis, financeiramente acessíveis e gerenciáveis com os recursos disponíveis.

O M5D não é apenas uma metodologia comprovada no Reino Unido, mas também é reconhecido como uma das melhores práticas pelo G20. Sua tradução para o português e adaptação para o contexto brasileiro representa um salto significativo na capacidade do Brasil de planejar e executar projetos de infraestrutura de maneira mais eficaz.

Durante o programa, exploramos princípios de revisões independentes para grandes projetos, incluindo validação e avaliação. A introdução do papel do "amigo crítico" no processo de asseguração mostrou como ele difere dos organismos independentes de auditoria nacionais. Essas práticas podem elevar a qualidade e a eficiência na execução de projetos de infraestrutura.

Além disso, o programa abordou a nova melhor prática internacional de iniciação de projetos. Esse método ajuda a compreender os desafios e recursos necessários, proporcionando plano sólido para o sucesso. Com sete módulos cobrindo fundamentação, governança, execução, design organizacional, aquisição, gerenciamento de riscos e gerenciamento de ativos, essa metodologia é uma ferramenta crucial para o desenvolvimento eficaz de projetos.

Finalizo compartilhando, mais uma vez, a minha alegria por ter tido a oportunidade extraordinária de absorver conhecimentos e experiências valiosas do Reino Unido no campo da infraestrutura. A colaboração entre a FESPSP e a IPA do Reino Unido tem o potencial de impulsionar o desenvolvimento sustentável no Brasil, melhorando as práticas de infraestrutura em benefício de todos os setores envolvidos, sendo um exemplo notável de como a cooperação internacional pode impulsionar o crescimento econômico e o progresso social.

Autor

Julinho Ramos
Ex-vereador de Catanduva e especialista em Gestão e Controle de Processos na Administração Pública