Uma Batalha Após a Outra: América em Crise

Uma Batalha Após a Outra, esta semana no Grupo Cine em Catanduva, de certa forma segue a polêmica de Guerra Civil (2024). Dirigido e roteirizado por Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza), foi aclamado pela crítica, considerado por muitos como um dos melhores filmes do ano. O longa-metragem é uma jornada furiosa, hilária e surreal que mergulha nas contradições e na paranoia da sociedade americana contemporânea.
O roteiro, escrito pelo próprio Anderson, não é uma adaptação literal, mas sim uma “nova interpretação” livremente inspirada no romance Vineland, de Thomas Pynchon. A obra original se passa nos Estados Unidos da conservadora era Reagan, abordando temas como o movimento hippie, as drogas e a obsessão pela televisão.
Anderson, entretanto, transporta a essência dessa narrativa, o estado constante de luta e a paranoia, para o cenário político conturbado do século 21. A trama se inicia com a célula revolucionária French 75 declarando guerra ao coronel Steven J. Lockjaw (Sean Penn, de Sobre Meninos e Lobos) após libertar imigrantes de um centro de detenção. Bob Ferguson (Leonardo DiCaprio), um ex-revolucionário, vive à margem, em um estado de paranoia e letargia. Sua vida fracassada o atinge em cheio, quando sua filha, Willa (Chase Infiniti) é sequestrada pelo seu arqui-inimigo, que reaparece após 16 anos. Diante da urgência, Bob precisa reunir seus antigos companheiros para resgatá-la, mergulhando em um passado violento e enfrentando as consequências de suas escolhas. Além de DiCaprio e Penn, o elenco conta ainda com Teyana Taylor, como a revolucionária Perfidia Beverly, e Benicio Del Toro (Sensei Sergio).
Com um ritmo frenético, que mistura drama, ação (incluindo perseguições e tiroteios) e comédia absurda, a crítica americana destacou a habilidade de Anderson em usar o humor como uma “válvula de escape” para temas sérios, mantendo o espectador entre o desconforto e o riso.
Além de alcançar 98% de aprovação no Rotten Tomatoes, Steven Spielberg assistiu ao filme três vezes e o comparou a Dr. Fantástico (1964), de Stanley Kubrick, pela sua forma de equilibrar drama com comédia absurda. Já Martin Scorsese (O Poderoso Chegão) o definiu como “cinema absoluto”.
Com orçamento estimado em 175 milhões de dólares, foi uma aposta arriscada, mas acabou se tornando um dos mais cotados para o Oscar 2026, com a recepção positiva da crítica. A força e urgência do filme, segundo ela, reside na sua conexão direta e incisiva com o “momento político atual dos EUA”. Embora inspirado em um livro dos anos 80, o filme é visto como um documento pulsante da sociedade atual e das tendências cada vez mais autoritárias do governo Trump, com censura e ameaças à imprensa, imigrantes e extremismo ideológico.
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