Um sentido para a vida
Vicktor Emil Frankl (1905-1997) nasceu em Viena, numa família de origem judia. Desde jovem interessou-se por psicologia e suas primeiras leituras nessa área foram os trabalhos de Freud, a quem, aos 16 anos, dirigiu uma carta, temendo não receber resposta. Para sua surpresa, Freud pediu-lhe que continuasse escrevendo.
Historicamente, era o momento de ascensão de Hitler, com o início da Segunda Guerra Mundial e a perseguição aos judeus. Para não abandonar a família, Frankl desiste de exilar-se nos Estados Unidos e passa a tratar dos prisioneiros nos campos de concentração, como psicoterapeuta.
Sua família é presa pela Gestapo no final de 1942, e cada um é levado para um lugar diferente, sem jamais voltar a se encontrar. Frankl e sua esposa Tilly combinaram de se encontrar depois da prisão para recomeçar a vida e essa promessa o motivou a lutar pela sobrevivência mesmo depois de perder o status de médico e virar prisioneiro nos campos de Turkhein, Theresienstad, Kaufering e Auschwitz, onde sofreu todo tipo de degradação. De cada 290 presos no campo de concentração apenas um conseguia sobreviver. Vicktor Frankl foi um dos que tiveram essa sorte. Após três anos aprisionado, pode perceber que o ser humano é capaz de suportar os mais intensos sofrimentos quando tem um sentido para sua vida, uma tarefa cobrando realização ou uma missão intransferível.
Quando Frankl conseguia ressuscitar a esperança dos prisioneiros, o sofrimento para eles ganhava sentido e, assim, tornava-se suportável. Dessa forma, estava descoberta uma abordagem psicoterapêutica que se fundamenta no sentido da vida chamada: logoterapia. Ao deixarmos de nos preocupar com o sofrimento atual para nos projetar no futuro, em alguma missão que precisa ser concluída, seja ela qual for, temos um “para que” viver e quase sempre encontramos um “como” viver.
A base da filosofia de Frankl preconiza que a grande transformação só acontece quando podemos considerar o enfrentamento do sofrimento como algo construtivo. Tornar-se consciente do sentido da existência humana pode contribuir para a resiliência, ou seja, a capacidade de superar os problemas.
Na logoterapia não se busca resolver os problemas do mundo, mas sim encontrar um sentido para a vida de cada pessoa, levando em conta sua realidade, seu sofrimento e sua existência, muitas vezes desprovida de propósitos.
Ivete Marques de Oliveira
Psicóloga clínica, pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamental pela Famerp
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