Twisters – A volta do cinema-catástrofe

Em tempos de mudanças climáticas em todo o mundo, parece até natural a volta de um tipo de filme que fez muito sucesso durante  o século passado: o cinema-catástrofe. Toda espécie de desastre, natural ou não, foi tema de filmes: naufrágios (O Destino de Poseidon), edifícios colapsados (Inferno na Torre), furações (Twister, Caçador de Tornados), meteoros (Armageddon, Impacto Profundo), erupções (O Inferno de Dante, Volcano), terremotos, tsunamis, fim do mundo... a lista é enorme.

O mais recente é uma sequência (outra tendência da indústria) de um filme de 1996: Twister (de Jan De Bont), sobre um grupo de caçadores de tornados e furacões, que agora ganhou o plural Twisters, em exibição em Catanduva no CineX esta semana. 

Twisters, de Lee Isaac Chung (Minari - Em Busca da Felicidade), resgata o gênero para novas gerações com produção executiva de Steven Spielberg. Mas a fórmula é a mesma: um grupo de cientistas aficionados por furacões, que os enfrenta com paixão ou, talvez loucura, enfrentando, também, a ganância humana. 

A protagonista é a cientista Kate Carter (Daisy Edgar-Jones), Ela sobreviveu ao desastre de uma equipe de pesquisadores de tornados que têm infestado (no mundo real) regões dos EUA e outros países.

Como antagonista dela, temos Tyler Owens (Glen Powell), um youtuber famoso por seus vídeos caçando furacões. O ponto comum entre ambos (o interesse pelos tornados) os une. Entre ambos, Javi (Anthony Ramos), outro sobrevivente da tragédia de Kate, que a tira de um emprego sem riscos do serviço meteorológico para sua recém-criada startup de pesquisas científicas. Javi desenvolve uma tecnologia capaz de prever os furacões, o que Kate também deseja, para que não aconteçam mais tragédias como as dela. No entanto, desobre que os patrocionadores da empresa de Javi têm outros planos para recuperar e multiplicar seu financiamento da startup.

 

Todo filme-catástrofe tinha um dilema ético, e esse não é diferente, mas todos têm também como foco os desastres. Efeitos analógicos com cenários e veículos se misturam aos digitais, proporcionando dezenas de cenas tão assustadoras quanto realistas de furacões destruindo tudo pelo caminho, com casas, pessoas e animais sendo jogadas pelos céus tormentosos. De moderno em relação aos filmes antigos, temos o protagonismo feminino e a rivalidade entre Tyler e Javi pela moça. Cathy (a atriz Maura Tierney), mãe de Kate, proporciona um pouco de humor e humanidade, enquanto uma sequência de rodeio remete a uma região que conhece bem este tipo de desastre natural, o Oklahoma, terra assolada por furacões e negacionistas climáticos, mas sem entrar em questões políticas. Afinal, Twisters é, antes de tudo, entretenimento. 

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.