Tudo mudou em 20 anos
O reajuste da tabela SUS é uma demanda que ultrapassa governos, lógica ou bom-senso. Com mudanças acontecendo o tempo todo, novas tecnologias surgindo a cada dia, idas e vindas de crises, inflações e deflações, pandemia e tudo mais, como é possível que os valores não sejam reajustados há cerca de 20 anos? Se você, caro leitor, parar para pensar tudo o que aconteceu em sua vida nos últimos 20 anos, é muito provável que tenha muita coisa a contar, boas e nem tão boas assim, mas certamente na essência haverá mudanças e transições. É muito improvável que nada tenha acontecido em um tempo tão longo assim. Agora, imaginemos o que aconteceu nesse mesmo período dentro das santas casas e hospitais filantrópicos, cuja sobrevivência depende e muito dos repasses do SUS e, ao mesmo tempo, numa via de mão dupla, são responsáveis por muito do que o SUS representa no atendimento a quem mais precisa. Provavelmente tudo mudou: equipamentos, técnicas, profissionais, pacientes e até mesmo as doenças mais recorrentes. Diante de tudo isso, fica difícil compreender como é possível que a tabela SUS tenha reinado intacta esse tempo todo, alheia ao tempo e aos pleitos. Não foi à toa, portanto, que a proposta do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, foi tão comemorada pelas entidades e lideranças desse segmento. Ao menos no território paulista, é provável que as instituições de saúde tenham condições melhores de atuar, cuidando das pessoas e salvando vidas, e recebendo valores mais justos pelos serviços que realizam. Pena que, enquanto integrante da gestão federal o atual mandatário do estado não tenha tido condições de demonstrar ao seu chefe, à época, que o reajuste da tabela SUS era um caminho necessário e providencial. Hoje ele não teria os louros pela iniciativa, mas talvez as coisas estariam bem melhores na saúde pública do país.
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