Tributo aos Sertanejos (I)

Além de ser conhecida como a capital nacional do limão, Itajobi se orgulha de ter sido a cidade natal de vários artistas sertanejos, que levaram o nome da cidade para diversas regiões do país.

A questão é tão importante para o município, que em 04 de abril de 2008, por iniciativa da Câmara Municipal de Itajobi, foi inaugurado, na Praça 09 de Julho daquela cidade, o Tributo aos Sertanejos, como forma de homenagem aos violeiros da cidade.

Além disso, alguns músicos foram homenageados com a Medalha 04 de Abril, sendo eles Zeca e Zico Filho, Liu e Léu, Abel (da dupla Abel e Caim) e familiares de Vieira e Vieirinha.

Vieira e Vieirinha

Rubens Vieira Marques (Vieira) e Rubião Vieira (Vieirinha) nasceram na cidade de Itajobi – SP, o primeiro em 20 de setembro de 1926 e o segundo em 26 de agosto de 1928.

Filho de pai português, os irmãos cantaram juntos desde a época de meninos, recebendo grande apoio de seu patriarca, onde sempre cantavam e dançavam catira com as duplas Zico e Zeca e Liu e Léu.

Em 1949 conheceram a dupla Tonico e Tinoco, que, encantados com seu jeito de cantar, convidaram os Irmãos Viera a se apresentarem em vários cinemas da região. Inclusive, devido à timidez que possuíam, em sua primeira apresentação, em Catanduva, apresentaram-se de costas para a plateia. Tinoco costumava dizer, em tom de brincadeira, que “os meninos começaram de costas para a arte”.

Com o sucesso, começaram a se apresentar em muitos eventos, como nas quermesses, festas, auditórios e nas rádios da região, aumentando cada vez mais sua popularidade.

Foi em Novo Horizonte – SP, que em 1948 a dupla iniciou sua carreira no rádio, através da Rádio Novo Horizonte ZYS-9, cantando todos os dias no programa “O Viajante do Sertão”, com o nome de Irmãos Vieira. Anos depois, transferiram-se para a Rádio Clube de Marília, onde permaneceram por dois anos com programa exclusivo patrocinado pelo refrigerante “Gentil”.

Apoiaram a candidatura do presidente Getúlio Vargas, em 1950, e com a vitória deste, a dupla pediu ao presidente que lhe possibilitasse a oportunidade de cantar na cidade do Rio de Janeiro, já que este era um sonho antigo dos irmãos. Getúlio conseguiu a tal oportunidade para cantarem na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, mas a mãe deles não deixou-os ir, pois tinha medo do mar.

Nova oportunidade foi dada por Vargas para que se apresentassem na Rádio Nacional de São Paulo, se apresentando lá no programa “Alvorada Cabocla”, de Nhô Zé, em 1951, conhecidos, agora, pelo nome de Vieira e Vieirinha, adotado por sugestão dos padrinhos Tonico e Tinoco.

A dupla foi um grande sucesso no rádio, antes mesmo de começaram a gravarem um disco, pois, diferente de hoje, onde os Cds e a internet são os principais canais de lançamento de artistas, naquela época o rádio era o principal canal para se chegar a um grande número de ouvintes.

O primeiro disco 78 rpm só foi gravado em 1953, pela Continental, com as músicas “O Canoeiro Não Morreu” e “Nova Londrina”.

Gravaram inúmeros LPs e pela dança catira que apresentavam, ficaram conhecidos como os maiores catireiros do Brasil.

A dupla só se desfez em 1991, com a morte de Vieirinha.

Viera se afastou da música por algum tempo, mas em 1996 gravou um disco com seu filho Ailton Estulano Vieira, com o nome de Vieira e Vieira Júnior, com quem permaneceu cantando, fazendo shows e se apresentando em programas de TVs.

Vieira veio a falecer em 09 de julho de 2001.

O maior sucesso da dupla foi, sem dúvida, “Garça Branca”, mas ainda podemos citar outros sucessos inesquecíveis, como “Transporte de Boiada”, “Cravo na Cinta”, “Rosas de carne”, “Noite Serena”, “Silêncio do Berrante”, “Adeus Querida”, “Ladrão de Mulher”, entre outras.

Zico e Zeca

Zico e Zeca alcançaram sucesso desde a época de criança, cantando em festas, circos e quermesses.

De acordo com o livro “Itajobi: pedra preciosa”, de autoria de Marilda Colombo Liberato, “surgiram oportunidades, entre elas, a mudança para a cidade de São Paulo. Na Rádio Bandeirantes, comandaram um programa exclusivo, patrocinado pelo Conhaque Palhinha, como o nome de “Palhinha do Sertão”. Gravaram, então, muitos discos, programas de TV, receberam diversos prêmios, chegando até a vencer o festival de música sertaneja transmitido pela Rede Globo, com a música Catira (José Di e Michel)”.

Várias músicas gravadas por Zico e Zeca são composições feitas por itajobienses, como “Namoro no Portão”, de Teddy Vieira e José Maria Gomes; “Besta Bailarina”, de Teddy Vieira, José Maria Gomes e Capitão Balduíno; “Muralha Ingrata”, de Margarido Machado e Teddy Vieira. Gravaram, também, “Meu Pequeno Itajobi”, “Primeiro do Ano” e mais uma infinidade de outras músicas da terra ou de suas raízes.

Zico faleceu em 29 de maio de 2007, depois de cair no palco durante um show, e foi enterrado no Cemitério Municipal de Itajobi. Zeca continuou cantando, junto com Zico Filho e também veio falecer em 28 de setembro de 2013, devido a uma pneumonia.

Semana que vem, relembrarei as outras duas duplas homenageadas na praça de Itajobi: Liu e Léu e Abel e Caim.

Fonte de Pesquisa:

 - Livro “Itajobi: pedra preciosa”, de autoria de Marilda Colombo Liberato.

 - Texto de Sandra Cristina Peripato, publicado no blog “Vieira e Vieirinha”.

Fotos:

Desde 2008, por iniciativa da Câmara Municipal de Itajobi, foi inaugurado, na Praça 09 de Julho, o Tributo aos Sertanejos, como forma de homenagem aos violeiros locais

Irmãos Vieira começaram a cantar na infância e com o passar do tempo foram conquistando espaços cada vez maiores. Sua primeira apresentação em um cinema foi aqui em Catanduva e de tanta timidez que a dupla possuía, se apresentaram de costas para a plateia

Tonico e Tinoco foram os padrinhos da dupla Vieira e Vieirinha, colaborando muito para suas apresentações na cidade de São Paulo 

Zico e Zeca foram uma das maiores duplas sertanejas de Itajobi, que além de inúmeras canções, cantaram temas relacionados à sua terra raiz, como “Meu Pequeno Itajobi” e “Primeiro do Ano”

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.