Trajetória da Corporação Musical Carlos Gomes
“A Corporação Musical Carlos Gomes, agora em fase de reorganização, procura rapazes de boa vontade e amadores de música, que quiserem aprender os instrumentos seguintes: clarinete (4), pistão (2), trombone (2), sacx (3) e baixo (1). Informações mais detalhadas com o maestro Nicola de Muzzio, na sede: rua Minas Gerais, 698 (fundos)”.
Esse era um anúncio que estampava algumas revistas editadas em Catanduva no início dos anos de 1960, onde o maestro Nicola de Muzzio tentava prolongar um pouco mais a vida da Corporação Musical Carlos Gomes, a terceira corporação sob sua regência, e a primeira em Catanduva, que sobreviveria até o ano de 1963.
O nome Carlos Gomes é uma referência a um dos maiores compositores brasileiros de ópera, nascido na cidade de Campinas, no ano de 1836. Dentre suas obras principais, destaque para clássico O Guarani.
O maestro Nicola de Muzzio veio da Itália no ano de 1889, erradicando-se na Fazenda João Barbosa, em Corumbataí, de onde, em 1891, mudou-se para a cidade de Analândia, iniciando-se na arte musical.
Nesta mesma cidade, no ano de 1908, constituiu sua primeira corporação musical, a Corporação Musical Carlos Gomes, que ficou sob sua regência até 1918.
Nesse ano, Muzzio retornou à sua cidade natal, Corumbataí, formando, naquela localidade, sua segunda corporação musical.
Foi convidado para reger a Banda Guido Mônaco de São Paulo, transferindo-se sua residência para a capital paulista em 1925. Ao mesmo tempo em que regia a Banda Guido Mônaco, passou a reger a Banda Internacional, com sede na rua Mooca.
“Voltei para o interior, passando a residir em Catanduva em 1928, e prosseguindo o meu afã de servir a arte musical, organizei a 3ª Corporação Musical Carlos Gomes, em Catanduva. Para atingir meu objetivo, abri uma escola de música, com aulas gratuitas a uma turma de rapazes e, com árduo e ingente trabalho, consegui realizar a primeira retreta (toque de banda em praça pública) na Praça da República, em 1929, no dia 1º de maio, Dia do Trabalho”, relembrou Muzzio, em entrevista na extinta Revista “Feiticeira", em dezembro de 1975.
Reconhecimento
Em 1960, através de lei municipal, a banda foi considerada de utilidade pública, “tendo por escopo, proporcionar um recreio honesto e agradável aos seus componentes; infundir o gosto pela música, criando para esse fim, uma aula aos aprendizes que quisessem participar à Corporação Musical, independente da contribuição monetária”, dizia o artigo 1º do estatuto interno da referida corporação.
Por 35 anos, a banda, sempre sob a batuta do maestro Nicola de Muzzio, efetuou mais de 400 retretas no jardim da Praça da República, além de excursões em toda zona araraquarense e presente nas recepções de autoridades, festas cívicas e religiosas.
Por falta de amparo material, o maestro de Muzzio, no ano de 1963, extinguiu a Banda Carlos Gomes, fazendo com que os discípulos que o acompanhavam até então, dispersassem.
De Muzzio sempre foi muito severo e rígido em suas aulas, cobrando dos alunos sempre o melhor de si. Mesmo com essa rigidez, o mestre sempre tratou com muito carinho os membros da corporação, disseminando um espírito de família e amizade.
Além de toda dedicação que Muzzio oferecia à música, ele também possuiu uma oficina na rua Minas Gerais, entre as ruas Belo Horizonte e Sete de Fevereiro, no qual se dedicava à niquelação de armas, sendo muito conhecido como armeiro em Catanduva.
Por toda sua dedicação na arte musical, Nicola de Muzzio recebeu, em 1959, a medalha de Honra ao Mérito, da Câmara Municipal. O maestro faleceu na cidade de Catanduva, em 05 de fevereiro de 1972, nove anos após dar por encerrada a 3º corporação criada por sua iniciativa.
Membros
Participaram da 1ª Corporação Musical de Catanduva os seguintes músicos: Horácio Crepaldi, Helios Tricca, Angelo Carpinelli, Bento Lopes, Angelo Glicério, Vitoriano Gaviolli, Giovani Palli, Angelo Demétrio, Floriano Cinolia, Benedito Difiro, Otávio Patrízio, João Garofalo, Eduardo Figueiredo, Nair Garofalo, Belíssimo Cífaro, João Gomes, Duartino Tavares, Antonio Moraes, Luiz de Sauza, Benedito Custela, José Pigão, Hélio Pancho, Armando Pancho, Francisco Ouito, Antenor LOtargo, Francisco Ancipolaro, Antonio Cincuarolli, Antonio Garcia Pae, Antonio Garcia Filho, Luiz Carlos Morgilli, Tulio Trida, Eduardo Tavares, Reinaldo Bassaneto, Ugo Tricca, José Bugato, Manauel Lopes, Eldo Devasio, Reinaldo Queiroz, Paulo Badin, Antonio P. Barbosa, Antonio de Moraes, Eduardo Figueiredo, Duartino Tavares, Miguel Delelice, Antonio Delelice, Américo Delelice, Joaquim P. Barbosa, Miguel P. Barbosa, Atílio Macango e Francisco Acarri.
Fonte:
- Jornal A Cidade, de 08 de julho de 1961.
- Livro A História de Catanduva de A a Z, de autoria de Vicente Celso Quaglia.
- Revista Feiticeira, de dezembro de 1972.
Material de pesquisa encontra-se no acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino.
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