Trabalho dignifica, mas a exploração mata

O trabalho dignifica o homem, eis a alusão que o Dep. Marco Feliciano fez em sua defesa à jornada 6x1 e mais, ele fala com todas as letras que é necessário trabalhar à exaustão, já que o país precisa de desenvolvimento. Aqui é a falta de um homem que, quando trabalha, vai 4 vezes na semana, mas defende que o trabalhador não tenha descanso, lazer e vida social e familiar. Claro, o trabalho dignifica, mas a exploração, essa mata.

Não só essa fala, mas a maioria da bancada da direita ataca diretamente uma possibilidade de realmente dignificar o homem, ou seja, permitindo que ele tenha condições de vivenciar o lazer. Obviamente, o desconhecimento e até um certo mau-caratismo envolve tais falas, já que em suma, a maioria vive de política e se consultarmos a vida laboral destes, poderemos observar que pouco atuam de forma ostensiva. Mas se é para prejudicar o trabalhador, todas e quaisquer reformas são de pronto aprovadas.

Mas quais as reais implicações na vida do trabalhador que a redução da jornada de trabalho sem prejuízo de seus vencimentos pode promover? Nelson Carvalho Marcellino é um estudioso do lazer e em alguns de seus livros, ele aborda o tema lazer e trabalho. Para o autor, o lazer implica diretamente na qualidade de vida do trabalho, ou seja, aumenta a produtividade, já que o trabalhador poderá disfrutar de descanso adequado. Existem outros autores que se dedicam a esse tipo de pesquisa, mas precisaríamos de um grande espaço para ampliar a discussão e mostrar que tempo para descanso de qualidade está diretamente relacionado a aumento de produção.

Um outro ponto que me deixa estupefato, irritado, entristecido e até enojado é falar que a redução da jornada vai atrapalhar o desenvolvimento do país, já vivenciamos histórias falaciosas como essas quando a jornada de trabalho era 16h, 12h, 10h e por fim, a conquista de 8h de trabalho diário, ou também a fala de que o décimo terceiro afundaria o país. Quem propaga isso quer apenas explorar a mão de obra do trabalhador e pagar pouco, sem garantir os direitos básicos deste.

E você, que defende, precisa de fato estudar mais a história das conquistas dos trabalhadores, muitas dessas sob suor, lágrimas e sangue. Não refletir embasado historicamente e academicamente é reproduzir essas mentiras enviesadas que querem que você engula.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva