Todo dia, como se fosse o último

O tempo é nosso principal ativo existencial. Cada segundo, minuto, hora, dia, semana, mês e ano são investimentos que fazemos. Investimentos que com certeza renderão seus lucros, sejam eles positivos ou negativos. Não há como fugir da lei do plantio e da colheita. Plantio e colheita cujo solo fértil é o tempo.

Então, não é difícil concluir sobre a importância das coisas, dos acontecimentos e das pessoas. Não é nenhum pouco difícil discernir o que vale e o que não vale a pena. O que é bom e o que é mau, o que é justo e o que é injusto... Enfim, todos os binômios morais, todas as questões mais ou menos duvidosas, todos os caminhos possíveis a serem tomados, são sim fáceis de serem escolhidos. 

Fácil? Fácil. A razão mínima de qualquer um de nós aponta com facilidade quais são os nossos motivos. Aponta se os motivos são bons ou maus, justos ou injustos – virtuosos ou viciosos. Para fazer boas escolhas, não ser maquiavélico é o primeiro passo; porque os meios definem os fins. Se por um lado os fins são algo incertos e se esteiam um tanto quanto na aleatoriedade de ações e reações que não controlamos, por outro os meios estão inteirinhos à nossa disposição.

E é aí que o tempo entra. A partir de nosso intelecto e vontade, podemos escolher viver o que é essencial, o que é prioritário. Estas duas palavras (essencial e prioritário) estão sempre incrustradas em nosso estado de espírito, que é o meio para o fim que desejamos realizar, seja ele qual for. Se o meio é uma consciência afetada por desígnios negativos ou banais, o fim será negativo e banal. Mas se o meio são intelecto e afeto ordenados àquilo que é positivo e especial, necessariamente o fim será elevado. E o tempo? O tempo é que permite a tudo isto desabrochar e frutificar.

O tempo é que permite que nossas ações interiores e exteriores sejam construtivas ou destrutivas a curto, médio e longo prazos. E o que mais pode fazer com que nos dediquemos ao melhor de uma atividade senão limitá-la a um prazo? E se o prazo for de vida ou morte? Quando fica estabelecido um início e um fim claros no calendário, deixamos de lado as mesquinharias, as fanfarronices e imbecilidades das picuinhas, das maldadezinhas tolas, para focar naquilo que realmente importa.

Por isto, escolha diariamente fazer apenas aquilo que faria se estivesse vivendo seu último dia sobre a terra. Quase tudo é supérfluo, vil e vão. Todas as grandes prioridades existenciais devem ser revisitadas a cada dia, sob o risco de abraçarmos as mil trivialidades que fazem os homens idiotas ou maus. Escolha o essencial, o fundamental, o primordial. Escolha fazer com que cada um dos seus dias seja vivido como se fosse o último.

Autor

Dayher Giménez
Advogado e Professor