Todo Carnaval tem seu fim

Estamos em pleno Carnaval. As pessoas saem às ruas, bebem e dançam. Enfeitam-se. Umas correm atrás do trio elétrico. Confetes e serpentinas voam de um lado para o outro. Aqui, entretanto, a “maior festa popular do país” não é mais popular. As festas de salão, únicas que restaram, são para público restrito. Além do mais, o envolvimento maciço da população com o Carnaval deveria se estender para o ano todo, como nos tempos dos desfiles de rua. Se bem aproveitado, ele poderia ocupar a vida de parcela da comunidade, gerar receitas e empregos, atrair divisas e sacolejar o esqueleto de muita gente. Não apenas em quatro ou cinco noites. O desfile de rua poderia voltar e, com isso, nas comunidades dos bairros, o Carnaval representaria mais uma oportunidade de ocupação – na confecção de fantasias, adereços e dos carros alegóricos. Aos finais de semana, ritmistas e passistas dariam o tom em festas e bailes. Tente você pesquisar na internet quantas cidades do interior paulista possuem desfile de rua com escolas de samba. São pouquíssimas. E as que restaram se aproveitam disso, desse marketing – e até deveriam fazê-lo melhor. A ideia de Carnaval popular vai bem além do que se vê há anos. Deveria ser uma festa em que todos se envolvam, capacitando-se, ensaiando e promovendo eventos para arrecadar recursos e, com eles, arquitetar o espetáculo seguinte. Mas nada disso acontece. A retomada do Carnaval de rua deveria passar por esse ajuste, não é uma festa a ser organizada pelo poder público poucos meses antes da data, com gastos elevados e críticas a tudo isso. Precisaria ser uma festa com envolvimento popular de fato, nas escolas de samba e blocos. O Carnaval de outrora está morrendo e as pessoas estão assistindo passíveis, sem reagir. Seriam, as mudanças culturais da sociedade responsáveis pelo fim do Carnaval que conhecemos ou idealizamos? Talvez. Mas talvez não haja motivo único. Enquanto nada acontece, vamos desfrutar das festas que restam, nos salões, clubes ou nas praças das cidades da região. Vamos ser felizes. Tal como na música: “Deixa eu brincar de ser feliz. Deixa eu pintar o meu nariz”.

 

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.