Gaslighting é um tipo de agressão, manipulação emocional, principalmente contra mulheres.

Este termo tem origem no filme “Gas Light” (À meia luz), 1944, que contava a história de um homem que fez de tudo para convencer a esposa que ela estava perdendo a razão com a intenção de ficar com sua parte na herança. Ele realizava manipulações frequentes até que ela duvidasse de sua própria sanidade, roubando sua parte nos bens, contando aos outros uma visão distorcida dos fatos.

Quem frequentemente já ouviu frases como: “você está ficando louca?” ou “você está exagerando!” e depois perto dos outros fala: “calma meu amor, você é tão bonita … você está nervosa, não precisa se desestabilizar”.

O parceiro cria situações para que a vítima sinta medo e insegurança e depois dela se desestabilizar, manipula seu comportamento em prol de seu próprio benefício, definido como uma violência psicológica sutil que causa instabilidade emocional.

Normalmente o abusador mente, distorce a realidade e manipula para enfraquecer a percepção de identidade da vítima, ridicularizando suas ideias, sua maneira de ser, de se vestir, fazendo com que ela acredite que aquela forma é errada ou inadequada, falando de sua companheira para os outros dizendo: só vou contar para você, mas ela é…, não sabe nada…, tem sérios problemas… você sabe né, ela…. e por aí vai. Pinça uma história distorcida e mentirosa do passado da vítima para validar sua manipulação, espalhando mentiras e fofocas para engrossar seus falsos argumentos.

As mulheres são muito mais afetadas principalmente por conta do machismo e do patriarcado, e diante deste tipo de manipulação desencadeia ansiedade, depressão, dependência emocional, baixa estima, fraqueza emocional, somatizações corpóreas que decorrem da exaustão e do sofrimento.

Quando este tipo de manipulação alcança um grau extremo e perceptível a vítima já está muito fragilizada perdendo sua própria percepção dos fatos e, muitas vezes, o manipulador usa álibis como religião, pessoas com cargos importantes, parentes, para validar seus argumentos.

Quem pratica gaslighting normalmente em público é amoroso e inicialmente sabe dar carinho para desta forma confundir a vítima e conquistá-la, sendo encantador e cheio de argumentos convincentes.

Além disto, normalmente é uma pessoa de muitos contatos sociais e seu comportamento é tão amigável que faz as pessoas desacreditarem que ele seja capaz de tal atitude com sua esposa. Cria então um ciclo de pequenos abusos imperceptíveis aos outros, mas quem é vítima de um relacionamento assim aos poucos vai percebendo, se desestabilizando, enfraquecendo, e muitas vezes por estar fraca toma atitudes que reforçam o abusador a continuar no seu mecanismo de manipulação.

Na maioria das vezes vem de alguém importante para a vítima por isto é tão difícil de ser descoberto e enfrentado. Normalmente o abusador tem seus comparsas que o ajudam a continuar neste tipo de manipulação: amigos, parentes, irmão, filhos, etc. e neste caso, a intenção é mais funcional do que a própria questão, pois as pessoas que não estão envolvidas pensam: se fulano de tal falou deve ser verdade, afinal, ele é tão inteligente, tão religioso, tão boa pessoa.

Outro fato é que quando o abusador consegue desestabilizar sua vítima, estando na frente dos outros diz: calma, não precisa ficar nervosa, eu estou só brincando.

A manipulação emocional é um jeito medíocre de ter ascendência sobre o outro e quem se presta a este tipo de papel, além de sérios problemas comportamentais e psíquicos, mostra-se uma pessoa fraca, manipuladora, sendo necessário tratamento.

Em pleno 2023 este tipo de situação é muito mais comum do que se possa imaginar, infelizmente!

Música: “Eu Sei” com Marisa Monte.