The Crown: quinta temporada da série se aproxima da atualidade

A família real da Inglaterra, os Windsor, é conhecida por seu envolvimento em inúmeros escândalos, sendo a gerações a alegria dos tabloides e revistas de fofocas e celebridades da aristocracia britânica. Mas em boa parte graças à popularidade da rainha Elizabeth II, recentemente falecida, que a monarquia continua relevante naquele país. E ela é, também, a base para se contar a história recente do mundo, do século passado até os dias atuais. A quinta temporada de The Crown estreou este mês na Netflix e a sexta e última, ainda em produção, fechará a trama nos dias atuais, em que o rei Charles assume como novo rei após a morte da rainha. 

A série, que é um dos maiores e mais caros sucessos do canal, é reconhecida pela qualidade dos roteiros, atores e pela apurada ficcionalização de acontecimentos da história desde que a rainha Elizabeth II assumiu o trono britânico, nos anos 50, enquanto o outrora maior império do mundo se desfazia e o mundo passava por inúmeras transformações. Fatos e personagens históricos como o primeiro ministro Winston Churchill, o presidente americano John Kennedy, a chegada do homem à Lua e a queda da União Soviética, entre muitos outros, pequenos e grandes, localizados na política inglesa ou de impacto mundial, desfilam misturados aos dramas pessoais da família real e o peso de uma longa e conservadora tradição aristocrática que luta para se manter relevante num mundo em rápida transformação de valores e poderes. 

A série da Netflix é conhecida por mudar os atores a cada duas temporadas. Os saltos temporais empregados pelo seriado, a fim de cobrir todo o reinado da rainha Elizabeth II, obrigatoriamente levam ao envelhecimento dos personagens e, portanto, obrigam a mudar o elenco. Centrada na figura amada e carismática da rainha, ela é interpretada nas temporadas 1 e 2 pela atriz Claire Foy, na juventude, e na 2 e 3 por Olivia Colman, na meia idade.  Na quinta, Imelda Staunton, representa a idosa soberana, até a sexta e última temporada.

Como aconteceu no mundo real, entretanto, a figura bonita e quase de conto de fadas da princesa de Gales, Diana, rouba o show (e a impaciência do futuro rei Charles), através das atrizes Emma Corrin, jovem, e a mais madura e mundialmente conhecida, com Elizabeth Debicki, que ficará até a morte trágica (isso não é spoiler, é história).

É um ponto difícil para a série, uma vez que a memória dos personagens reais ainda está bem fresca na lembrança das pessoas; muitos dos personagens (como Charles) ainda estão vivos e entrando num novo ciclo de vida, após a morte da rainha que mais tempo esteve à frente do trono britânico. Charles certamente não terá tempo para um tão longo reinado, mas The Crown mostra como é possível fazer uma excelente série mesclando o mundo e o mundano. 

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.