A campanha eleitoral americana, que poderia ter sido escrita pelos roteiristas de House of Cards, parece ter atraído a ira dos trumpistas para uma série bem mais fantasiosa – The Boys, da Prime, que termina agora a sua quarta temporada. Aparentemente, com certo atraso, a extrema direita americana não havia percebido a crítica a ela própria presente na série desde o começo. Na terceira temporada, um “personagem” da invasão real ao Capitólio até aparece entre os adoradores do Capitão Pátria (Anthony Starr). Ainda mais agora em que o candidato republicano é franco favorito após um atentado em que se constrói a narrativa de “vítima e herói” para Trump. A trama também parece ter sido pressentida no filme Guerra Civil, em que um presidente americano leva o país a um regime totalitário e a um conflito.  

The Boys é uma série violenta, politicamente incorreta e para maiores (e, acredite, suavizaram da original em quadrinhos de Garth Ennis e Darick Robertson). É uma sátira pesada sobre um grupo de vigilantes que caçam super-heróis corruptos disfarçados de patriotas americanos. Num mundo em que super-heróis existem desde que a corporação Vougth, testou a droga “V” em crianças, que ganham superpoderes ao atingir a puberdade.

A Big Tech forma o grupo Os Sete, uma paródia da Liga da Justiça da DC, a começar pelo Capitão Pátria, uma mistura psicótica de Superman com Capitão América, que comanda o grupo composto pelo Trem Bala (inspirado no Flash), Rainha Maeve (Mulher-Maravilha), Profundo (Aquaman) e Black Noir (Batman), entre outros. Além de um “superpatriota”, o Capitão parece uma encarnação da “raça superior” ariana dos nazistas, e age como tal em relação aos “humanos”, disfarçado pelo marketing político enganoso da corporação.

A quarta temporada de The Boys traz uma narrativa ainda mais complexa, com o mundo à beira do colapso sob a influência do Capitão Pátria e da política corrupta da Vought. Billy Bruto (Karl Urban) enfrenta uma doença terminal e sua liderança dos The Boys. A tensão entre os membros do grupo aumenta, levando a conflitos que testam suas lealdades. A luta contra a Vought se torna mais complicada, com a necessidade de unir forças para enfrentar ameaças maiores e novos super-heróis, como a super-congressista Victoria Neuman (Claudia Doumit), a extremista de direita Espoleta (Valorie Curry) e a Mana Sábia (Susan Heyward) cujo poder é manipular outros supers, inclusive o Capitão Pátria. A série intensifica a crítica social e política que caracteriza a série, mas também prepara o terreno para a quinta e última temporada, prometendo resolver as tramas em aberto e concluir a luta contra a Vought.