Teste do Pezinho: o pequeno grande exame que salva vidas

O teste do pezinho é um exame de triagem neonatal essencial que integra o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) no Brasil. Consiste na coleta de uma pequena amostra de sangue do calcanhar do bebê, entre o terceiro e quinto dias de vida do recém-nascido, para a investigação da existência de doenças metabólicas, genéticas, infecciosas e hereditárias que, se não identificadas e tratadas a tempo, podem levar a sérias complicações de saúde ou até mesmo ao óbito. A conscientização sobre a importância deste teste é promovida pela campanha “Junho Lilás”, instituída em 2007, culminando no Dia Nacional do Teste do Pezinho, celebrado em 6 de junho, destacando a relevância do exame para a saúde pública.

Quando introduzido na década de 1960, pelo médico e microbiologista norte-americano Robert Guthrie, o teste do pezinho tinha o objetivo de detectar a fenilcetonúria, doença genética rara que impede a conversão do aminoácido fenilalanina em tirosina, causando acúmulo tóxico no sangue. No Brasil, começou a ser realizado na mesma década através de iniciativas pessoais, destacando-se o trabalho de Benjamin Schmidt na APAE de São Paulo. Em 1992, foi regulamentado pelo Ministério da Saúde com a criação do Programa de Diagnóstico Precoce do Hipotireoidismo Congênito e Fenilcetonúria, incorporado ao SUS. Em 2001, o PNTN foi instituído para padronizar e ampliar a realização do exame em todo o país.

Até 2021, o teste do pezinho no Brasil rastreava seis doenças: Com a sanção da Lei nº 14.154, esse número foi ampliado para alcançar, gradualmente, a identificação de 50. Atualmente, as principais condições identificáveis por meio do teste são:

● Fenilcetonúria: acúmulo do aminoácido fenilalanina que pode causar danos cerebrais;

● Hipotireoidismo congênito: falta de hormônios tireoidianos prejudicando o desenvolvimento;

● Doença falciforme: hemácias deformadas dificultando o transporte de oxigênio;

● Fibrose cística: acúmulo de muco nos pulmões e pâncreas;

● Hiperplasia adrenal congênita: deficiências enzimáticas afetando a síntese de hormônios adrenais;

● Deficiência de biotinidase: compromete a utilização da biotina, vitamina do complexo, fundamental para o desenvolvimento do sistema nervoso;

● Toxoplasmose congênita: infecção transmitida da mãe para o feto;

● Galactosemia: incapacidade de digerir galactose;

● Aminoacidopatias: acúmulo de aminoácidos devido a erros inatos do metabolismo;

● Distúrbios do ciclo da ureia: hiperamonemia devido a problemas no catabolismo proteico.

De acordo com os dados provenientes do Ministério da Saúde, em 2020, apenas 82% dos recém-nascidos realizaram o teste do pezinho, e destes, somente 58% o fizeram no período ideal, entre o terceiro e quinto dias de vida. Esses números indicam a necessidade urgente de aumentar a conscientização e a infraestrutura para garantir a cobertura completa e oportuna do exame. A Campanha “Junho Lilás é um passo de extrema importância, nesse sentido, garantindo que um número cada vez maior de recém-nascidos tenha acesso a esse exame, salvando vidas e melhorando a qualidade de vida da população. Faça parte desta campanha! Ajude a divulgar!

 

Isabela de Oliveira Zumpichiatti Arruda – 3º ano

Laura Bicas Ruiz – 3º ano

Autor

Doses de Informação - Fameca/Unifipa
Pílulas mensais sobre a saúde | Projeto de Extensão Universitária da Faculdade de Medicina de Catanduva - Unifipa | Orientadoras: Prof.ª Dr.ª Adriana Sanches Schiaveto e Prof.ª Ma. Juliana Guidi Magalhães