Teste do Pezinho - do exame para toda vida

No último dia 6 de junho, celebrou-se o Dia Nacional do Teste do Pezinho. Esse exame é considerado um dos mais importantes para a detecção precoce de doenças em recém-nascidos. No final da década de 1950, o biólogo e pesquisador Dr. Robert Guthrie dedicava-se ao estudo de métodos para identificar casos de fenilcetonúria, uma doença genética rara. Como resultado de seus estudos, o Dr. Guthrie desenvolveu um método inovador de análise do sangue do bebê utilizando papel de filtro. Com o êxito de sua pesquisa, tornou-se pioneiro da triagem neonatal, inicialmente voltada para a fenilcetonúria, mas que rapidamente se expandiu para o rastreamento de outras enfermidades. Seu método foi adotado por diversos estados norte-americanos e, posteriormente, por inúmeros países, consolidando-se como uma prática universal na área da saúde neonatal.

No Brasil, a triagem neonatal e o teste do pezinho foram introduzidos em 1976. Em 1992, o procedimento foi oficialmente incorporado à rede pública e passou a ser oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para regulamentar e padronizar essa prática, o Ministério da Saúde instituiu, em 6 de junho de 2001, o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN). A criação do programa não apenas organizou o processo em âmbito nacional, como também marcou oficialmente a data comemorativa do Dia Nacional do Teste do Pezinho.

O exame é feito a partir do sangue do calcanhar do recém-nascido e diagnostica seis doenças genéticas: a fenilcetonúria, o hipotireoidismo congênito, a fibrose cística, a doença falciforme e outras hemoglobinopatias congênitas, a hiperplasia adrenal congênita e a deficiência de biotinidase, além de identificar se, enquanto no útero, o bebê foi exposto à toxoplasmose. O Ministério da Saúde recomenda que a coleta da amostra seja feita entre 48 horas após o parto até o 5º dia de vida do bebê, entretanto o teste pode ser estendido para o 28º dia de vida do bebê. A coleta do teste é feita nas unidades da Atenção Primária, e a triagem pode ser realizada em maternidades, casas de parto, comunidades indígenas e quilombolas dependendo da região. 

Muito além do teste do pezinho, a Triagem Neonatal avalia os recém-nascidos em muitos aspectos, com o teste da orelhinha para medir a acuidade auditiva, o teste do olhinho para medir o reflexo vermelho nos olhos, o teste do coraçãozinho para checar a oximetria de pulso e o teste da linguinha para avaliar o frênulo lingual (aquela preguinha que fica embaixo da língua quando a levantamos.)

Com os avanços proporcionados pela triagem neonatal, o Brasil tem progredido de forma significativa em direção à equidade no cuidado infantil. A ampliação do teste do pezinho está sendo implementada gradualmente, e alguns estados, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e o próprio estado de São Paulo, já oferecem a versão ampliada em toda a rede estadual de saúde.

O Dia Nacional do Teste do Pezinho vai muito além de uma simples data comemorativa: seu principal objetivo é conscientizar a população sobre a importância desse exame essencial, que permite o diagnóstico precoce de diversas doenças e, consequentemente, o início imediato do tratamento, prevenindo sequelas graves e irreversíveis. Ao alertar pais, responsáveis e a comunidade em geral sobre a necessidade da realização do teste, a data torna-se um lembrete poderoso do quanto a prevenção pode salvar vidas e garantir uma melhor qualidade de vida para as crianças.

O cuidado promovido por meio do teste do pezinho constitui um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento saudável e o bem-estar infantil. Por isso, é fundamental que com sua ajuda possamos disseminar essa informação e incentivar todos os pais e responsáveis — especialmente aqueles que aguardam a chegada de um bebê — a se atentarem para a realização do exame. Conscientizar é proteger, e proteger é garantir um futuro mais saudável para as crianças do nosso país, contamos com você!

 

Alunas: Ana Carolina Tiradentes e Isabela Rosan - 1º ano

Médica Pediatra: Dr.ª Ana Fabrícia Corniani Tiradentes

Autor

Doses de Informação - Fameca/Unifipa
Pílulas mensais sobre a saúde | Projeto de Extensão Universitária da Faculdade de Medicina de Catanduva - Unifipa | Orientadoras: Prof.ª Dr.ª Adriana Sanchez Schiaveto e Prof.ª Ma. Juliana Guidi Magalhães