Terrifier

Inovando mais uma vez no mercado de mídia física no Brasil, a distribuidora Classicline, localizada em Fortaleza (CE), lançou esse mês a coleção “Terrifier”, tanto em DVD quanto em bluray. O box reúne os dois principais filmes de terror com o palhaço assassino Art, que sai no Halloween matando quem vê pelo caminho. Os sangrentos filmes, de 2016 e 2022, são independentes, ganharam público ao redor do mundo e agora podem ser adquiridos pelos colecionadores.

Os dois se passam na mesma noite de Halloween, quando um palhaço sádico sai pelas ruas de uma cidadezinha norte-americana atrás de suas vítimas. Ele não fala, tem sede de sangue e comete crimes brutais, com requintes de crueldade. Escrito, dirigido e produzido por Damien Leone, é um slasher baratíssimo, que rendeu boa bilheteria mundial. Conta com cenas apelativas de assassinato e verdadeiros massacres, com sangue jorrando na tela. Art abre a cabeça das vítimas com machado, dá tiro com revólver, usa martelo, bisturi e outros objetos. A concepção do palhaço assassino Art é sinistra!

No primeiro filme, duas amigas são perseguidas por Art na noite de Halloween, em Miles County. O palhaço sai à caça e arrebenta que cruza seu caminho, invadindo residências para achar as vítimas. Na abertura do filme, quando o assassino aparece de costas montando seu personagem Art, o diretor presta homenagem a “A hora do pesadelo”, quando Freddy Krueger aparece de costas mexendo em ferramentas para criar a luva com lâminas.

No segundo filme, Art não morreu. Estirado na maca do necrotério, ainda na noite de Halloween, volta à vida e sai atacando as pessoas. Chega à casa de uma jovem e de seu irmão mais novo, dando star numa nova matança em Miles County. Subtende-se, na continuação, que o palhaço é ressuscitado por um mal maior, uma entidade diabólica, que aparece na pele de uma criança sinistra que sempre o observa com sorriso medonho.

Ambos os filmes contêm violência gráfica e estilizada, com muito gore (há muito esguicho de sangue rosa, miolos, gente de plástico etc, bem podreira e intencional, porém algumas cenas são assustadoras, especialmente às do filme 2).

A ideia original de “Terrifier” nasceu com um curta-metragem de Leone, de 2011, rodado em Nova York, sobre uma jovem perseguida pelo palhaço. Dois anos depois, no mesmo local e elenco, o diretor rodou “Terrifier: O início” (2013), expandindo o universo de Art, agora com uma babá que, no Halloween, encontra vídeos em VHS das mortes cometidas pelo palhaço, em três histórias. Em 2016, Leone trocou o elenco, inclusive o ator que fazia o palhaço, e criou “Terrifier”, que no Brasil passou no circuito independente com o título “Aterrorizante”. Custou U$ 35 mil e rendeu U$ 417 mil, quase 12 vezes mais. Leone fez a continuação, com mais qualidade técnica, mais bizarrices e violência, com longos 2h18 de duração (eu teria reduzido 30 min.). Custou mais caro, U$ 250 mil, só que rendeu US$ 15 milhões, ou seja, 60x vezes mais, comprovando que o público gosta de filmes assim.

Autor

Felipe Brida
Jornalista e Crítico de Cinema. Professor de Comunicação e Artes no Imes, Fatec e Senac Catanduva