Terminal Rodoviário de Catanduva (III)

Até meados da década de 1970, o prédio da Estação Rodoviária suportou bem o tráfego e a circulação de pessoas e mercadorias. Com o crescimento da cidade e o aumento da população, o local começou a ficar apertado, com tantas chegadas e saídas de ônibus em uma mesma plataforma.

Diante disso, os administradores da estação começaram a cogitar a ideia de se procurar outro prédio para a instalação da Estação Rodoviária.

Nessa época, presidia Catanduva como prefeito municipal o Dr. Warley Agudo Romão, que começou a fazer inúmeras viagens à cidade de São Paulo, tentando buscar recursos do Governo do Estado para a construção de uma nova Estação Rodoviária.

De tanto insistir no assunto, Dr. Warley acabou sendo atendido por parte do Governo, recebendo do Dr. Thomaz Magalhães, na época Secretário de Transportes do Estado de São Paulo, um telegrama no dia 09 de outubro de 1978, que trazia a seguinte notícia: “Tenho o prazer de comunicar-lhe que por minha determinação, Vossa Excelência será procurado por técnicos da TRANSESP, no sentido de serem iniciados os trabalhos visando a construção do Terminal Rodoviário em sua cidade (...)”.

A certeza do prefeito municipal de que seria atendido em sua reivindicação era tanta que já tinha determinado ao Departamento de Obras da Prefeitura, estudos no sentido de reservar uma área para a obra, avaliada entre 27 a 30 milhões de cruzeiros. A nova rodoviária deveria ser construída na Rua Olímpia, nas proximidades do Distrito Industrial.

Novo prédio

Após os trâmites legais serem acertados, iniciou-se a construção do novo prédio da Estação Rodoviária de Catanduva.

De acordo com a revista Feiticeira, de junho de 1982, esta trazia que: “(...) Uma das grandes obras, na administração do Sr. Prefeito Municipal, Dr. Warley Agudo Romão, vem sendo feita a todo o vapor, é o novo Terminal Rodoviário. Como já é conhecimento de todos, o local é nas proximidades do Recinto de Exposições, e o que já foi feito é o seguinte: reconstituição do canteiro de obras, construção de tapumes, construção de depósitos, refeitório para os funcionários, escritório de administração, demarcação e regularização do terreno, abertura de valas e execução de todas as fundações em blocos e vigas baldrames com impermeabilização geral, execução de toda a super-estrutura (pilares), execução de toda rede de água pluvial. Estão sendo construídas duas caixas d´água, sendo um enterrada e uma superior, e estão em fase de cobertura as vigas de cobertura”.

A finalização do prédio se deu apenas durante a gestão do prefeito municipal Dr. José Alfredo Luiz Jorge, que enfrentou, em 1983, uma das maiores enchentes da história de Catanduva.

A inauguração estava marcada para fins de 1988, e de acordo com o Decreto Nº 602, de 1º de outubro de 1987, o Terminal Rodoviário seria denominado “Governador Dr. Orestes Quércia”.

Porém, surpreendentemente, no início da noite de 03 de novembro de 1988, apareceu em Catanduva o Governador do Estado de São Paulo, Dr. Orestes Quércia, pois estava fazendo vistorias na duplicação da Rodovia Washington Luiz.

Apesar de inesperada, sua visita foi proveitosa: a prefeitura recebeu CZ$ 50 milhões (cruzados) para conclusão das obras no novo estádio de futebol, onde Quércia desceu de helicóptero no gramado do novo estádio.

Vistoriou as obras e dirigiu-se para a nova rodoviária, participando da inauguração. Depois disso, o governador esteve no comício do PMDB, anunciando publicamente a destinação da verba para o município. Mesmo com a inauguração, a nova rodoviária ainda não entrou em funcionamento, o que se deu apenas em 16 de abril de 1989.

Sacolão

Com a desativação do antigo prédio da Estação Rodoviária, na Rua Rio de Janeiro, foi-se pensado em utilizar o prédio para a instalação de um sacolão em Catanduva.

O Jornal Opinião, de 19 de abril de 1989, traz matéria destacando que “(...) com o objetivo de proporcionar um novo canal de distribuição de produtos hortifrutigranjeiros para as populações de média e baixa renda, e, consequentemente, elevar a disponibilidade nutricional diversificada a essas populações, com base nos teores de vitaminas e proteínas, em larga escala nesses produtos, a Prefeitura Municipal de Catanduva está fechando contrato com a CEAGESP para a implantação do projeto Sacolão em Catanduva. O local será o antigo Terminal Rodoviário, na Rua Rio de Janeiro”.

Após feitas as reformas necessárias do prédio, passou a funcionar no local o projetado Sacolão, sendo desativado anos depois. Atualmente, o prédio que o abrigava faz parte da Estação Cultura, pertencente à Secretaria Municipal de Cultura de Catanduva.

Nomenclatura

Em 1995, uma nova polêmica se instala sobre a Estação Rodoviária de Catanduva: a mudança de seu nome.

Estava sendo analisado na Câmara Municipal de Catanduva um projeto de lei, de autoria do vereador Ramiro Soares, que alteraria o nome do Terminal Rodoviário “Orestes Quércia” para “João Caparroz”, grande empresário que muito esteve ligado ao transporte coletivo no município de Catanduva.

Após muitas discussões, e vários pedidos de vistas, o projeto acabou sendo retirado da pauta pelo próprio autor, que, na época, não deu explicações sobre o motivo de sua ação.

Dois anos depois, o prefeito municipal de Catanduva, Félix Sahão Júnior, promulgou a Lei Nº 3.256, de 12 de março de 1997, denominando a Estação Rodoviária de Terminal Rodoviário “João Caparroz”.

No início dos anos 2000, o prédio se encontrava em grande estado de decadência, necessitando de reformas urgentes, inclusive a própria placa com o nome “João Caparroz” havia caído da Rodoviária. Reclamações de usuários e taxistas, como a falta de iluminação, boxes sem funcionamento, pias e portas quebradas de banheiros, entre outros problemas, estampavam as notícias de jornais da época.

De lá para cá, a prefeitura tomou várias providências, melhorando o aspecto do prédio, consertando paredes, pintando, remodelando os jardins, consertando a parte asfáltica, para melhor atender a população que utiliza o local. No ano de 2015, o prédio passou por uma gigantesca reforma.

Fonte de Pesquisa:

- Jornal Opinião, de 19 de abril de 1989.

- Revista Feiticeira, de junho de 1982.

- Boletim Só 10, de autoria do professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli, Nº 44, de agosto de 2009.

- Material pesquisado no acervo do Museu Padre Albino.

Fotos:

Foto da Estação Rodoviária de Catanduva, na Rua Rio de Janeiro, no ano de 1963. Espaço hoje faz parte da Estação Cultura, pertencente à Secretaria Municipal de Cultura de Catanduva

Inicialmente, o Terminal Rodoviário levou a nomenclatura de Orestes Quércia, sendo substituído, em 1997, para João Caparroz. O nome de Quércia foi indicado por fazer parte do PMBD e ter grande influência com o prefeito da época. Nesta foto, senador Fernando Henrique Cardoso, juntamente com o governador Orestes Quércia e o prefeito municipal José Alfredo Luiz Jorge, em Catanduva, no dia 30 de outubro de 1986

Foto tirada em 1969, na Igreja da Vila Santo Antonio, onde podemos ver a figura do Sr. João Caparroz, nome do atual Terminal Rodoviário. Da esquerda para a direita: Djalma Rojas, Vergílio Pacheco de Mello, João Caparroz e o Padre Amorim

Foto da antiga Estação Rodoviária de Catanduva, em 1988, pouco tempo antes de sua mudança para o local atual, na rua Olímpia

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.