Terminal Rodoviário de Catanduva (II)

Por volta de 1947, a nova Estação Ferroviária foi totalmente reformada, sendo inaugurada em 05 de maio de 1948, contando, inclusive, com a presença do governador do Estado de São Paulo, Dr. Adhemar de Barros. Na época, o prefeito municipal de Catanduva era o Sr. Antonio Stocco.

No período, continuavam as jardineiras a fazerem ponto junto à passarela da Rua Brasil e Rio Grande do Sul, ficando, quando fora de seus horários, estacionadas debaixo dos flamboyants das margens do Rio São Domingos.

Dois anos se passam e o desejo da construção de uma estação rodoviária aumentava cada dia mais, até que em 14 de dezembro de 1950, o presidente da Câmara Municipal de Catanduva, Sr. José Augusto Norberto Frey, promulgou a Lei Nº 126, que dispunha sobre a “Concessão de terreno e construção da Estação Rodoviária”, que de acordo com o projeto, o local destinado era o terreno onde foi construído, anos mais tarde, o Mercado Modelo Municipal, hoje denominado Mercado Municipal João Crippa.

SESC/SENAC

Em 03 de dezembro de 1953, o jornal A Cidade trazia, mais uma vez, matéria referente à necessidade da construção de uma Estação Rodoviária para a cidade. Intitulada de “A Construção da Estação Rodoviária de Catanduva”, incitava o Poder Público a tomar as medidas necessárias para a realização de tal feito.

Naquela época, a prefeitura municipal de Catanduva, através da Lei Nº 183, de 23 de julho de 1952, fazia uma doação ao SESC e SENAC, do terreno situado a Avenida São Domingos, onde hoje funciona o Mercado Municipal, para que nele o SESC construísse sua sede, afastando ainda mais a ideia da construção da Estação Rodoviária naquela localidade.

Um fato interessante nesse contexto, é que havia a pretensão de um grande capitalista, o Sr. Esmeraldo Corrêa de Oliveira, de arcar com a construção de tal estação, desde que o prefeito municipal da época, Dr. Ítalo Záccaro, fizesse a reversão da doação do terreno para a unidade do SESC, pois queria construir a estação no referido terreno doado.

O prefeito mostrou-se favorável a reversão, desde que o SESC deixasse de atender aos dispositivos da doação, o que de fato acabou acontecendo. A concessão foi anulada, através da Lei Nº 252, de 13 de maio de 1954, só que neste momento o Sr. Esmeraldo Corrêa de Oliveira havia se mudado da cidade de Catanduva e não mais mostrou interesse na construção da estação.

Borelli

Alguns anos de passaram e em 1956 assume o cargo de prefeito municipal de Catanduva o Sr. José Antonio Borelli, que realizou muitas obras importantes em nossa cidade.

Dentre suas inúmeras obras, como pontes, aberturas de ruas, construção de praças, jardins, a Fonte Luminosa da Praça da República, estava a construção da Estação Rodoviária de Catanduva, em terreno localizado próximo à Estação Ferroviária, já que ganhara do Governo do Estado e da Estrada de Ferro Araraquarense parte de seus armazéns, que chegavam até o viaduto da Rua Sete de Setembro.

Com o terreno já garantido, a Câmara Municipal de Catanduva aprovou a Lei Nº 443, de 14 de dezembro de 1959, criando a Estação Rodoviária de Catanduva, trazendo em seu 1º artigo: “Fica criada a Estação Rodoviária de Catanduva, com funcionamento sob administração municipal, no prédio doado pelo Estado (EFA), na Praça 1º de Maio, desta cidade, para essa finalidade, depois de feitas as necessárias adaptações e reconstruções por esta municipalidade”.

A lei ainda trazia como seriam as instalações do prédio, que contaria com “(...) três boxes reservados para a administração; seis boxes para escritórios; sete balcões destinados à venda de passagens e instalações para bar, café e refeitório e para engraxate”.

Em 14 de dezembro de 1959, o Decreto Nº 598 regulamentava o funcionamento da Estação Rodoviária, e um dia depois, o prefeito municipal, Sr. José Antonio Borelli nomeou os funcionários para a ocupação dos cargos da estação, ficando o Sr. Antonio Crisostomo Marino para o cargo de Administrador da Estação Rodoviária.

Sobre o dia da inauguração, o professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli, em uma de suas pesquisas sobre o assunto, relata: “Interessante é que não consegui encontrar a data da inauguração da Estação Rodoviária. No jornal Opinião Semanal, de 25 de dezembro de 1978, só encontrei uma foto, que na reportagem é tida como a que foi colocada naquele local, como sendo da inauguração. A foto traz os seguintes dizeres: ‘Com os nossos agradecimentos aos Srs. Jânio da Silva Quadros, DD Governador do Estado e Hermínio Amorim Júnior, Diretor da EFA, pela doação do prédio. Catanduva, 08 de Dezembro de 1959. José Antonio Borelli – Prefeito Municipal’”.

Stocco

Com o final do mandato do Sr. José Antonio Borelli, em 1959, assumiu a prefeitura de Catanduva, a partir de 1º de janeiro de 1960, o Sr. Antonio Stocco.

Uma de suas primeiras medidas, no que se refere à Estação Rodoviária de Catanduva, foi criar um Decreto exonerando todas as pessoas que ocupavam cargos na estação, substituindo-as. Nessa troca, passava a ser o Sr. Oduvaldo de Oliveira Franco o novo administrador do local.

Foi durante sua gestão que, para desafogar o trânsito do local, foi transferido o ponto de carros de aluguel, que ficava na Estação Rodoviária, para o Ponto Nº 1, na Praça 1º de Maio.

Além disso, foi nessa época também que Catanduva começou a contar com a circulação dos Ônibus da Viação Cometa, fazendo ligação de Catanduva com a cidade de São Paulo, iniciada em 26 de março de 1960.

Essa nova linha muito agradou os catanduvenses, principalmente aqueles que tinham parentes ou que trabalhavam na cidade de São Paulo.

Inicialmente, eram efetuadas três viagens diárias, de ida e volta, para a cidade de São Paulo: Saída de Catanduva: 6h15m, 9h15m e 22h15m; Saída de São Paulo: 5h10m, 8h00m, 19h00m e 21h10m. (Finaliza na matéria da semana que vem).

Fonte de Pesquisa:

- Jornal A Cidade, de 03 de dezembro de 1953.

- Boletim Só 10, de autoria do professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli, Nº 44, de agosto de 2009.

- Material pesquisado no acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino.

Fotos:

Nosso Posto (Posto Valentim), de José Valentim, que ficava na esquina das Ruas Cuiabá e Amazonas, no local que hoje se situa a Loja de Móveis Casa Verde, no ano de 1947. Os ônibus eram da Empresa de Ônibus União que era de José Valentim e de Guido Prando e que fazia a linha Catanduva, Novais, Embaúba, Cajobi, Monte Verde e Severínia

Foto do interior do prédio da Estação Rodoviária de Catanduva, localizada na Rua Rio de Janeiro, ainda em época de construção, no ano de 1959

Desfile do Tiro de Guerra Nº 16 no dia da Independência, em 1963. O pelotão passava pela Rua Rio de Janeiro ao lado do prédio da Estação da Estrada de Ferro e da Estação Rodoviária. O ônibus que vemos era da firma Caparroz e Cia Ltda

Prédio da antiga Estação Rodoviária na Rua Rio de Janeiro, hoje fazendo parte da Estação Cultura, ainda em época de construção. A foto data o ano de 1959

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.